tag:blogger.com,1999:blog-10514741611677079642024-02-21T06:36:07.143-03:00Sarau Filosófico GourmetQuase que diariamente, um grupo se reúne nos confins de uma sala para jantar e põe o assunto em dia: o andamento da segunda guerra, o novo albúm de Louis Armstrong, o último livro de Sartre ou até mesmo as implicações da física quântica, recém-criada, no pensamento moderno.
Claro que o que importa é que eles alimentam-se com bastante requinte. Bebem arte, comem filosofia e sobra um pouco de ciência pra sobremesa. Tudo regado com algumas gotas de bom-humor e existencialismo.Engelhttp://www.blogger.com/profile/10189862598767476990noreply@blogger.comBlogger256125tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-48587722199211467962009-11-20T10:36:00.001-03:002009-11-20T10:36:32.600-03:00FIM?Fechado por tempo indeterminado.Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-21434161065479802782009-11-16T19:38:00.005-03:002009-11-16T20:11:27.348-03:00Mais das flores- Pra você.<br />- Uma flor?<br />- Colhi pra você.<br />- Mas por quê?<br />- Como por quê?<br />- Ela agora perecerá rapidamente até a morte.<br />- Mas você não gostou?<br />- Acho que, se você quisesse me agradar, poderia ter me dado outra coisa.<br />- Desculpa.<br />- Tudo bem.<br />- Tipo chocolate?<br />- Desculpa tipo chocolate?<br />- Não -- quis dizer, chocolate teria sido bom?<br />- Se chocolate teria sido bom...Talvez. É, até que sim.<br />- Mas, se não isso, o quê então?<br />- Podia ter me dado um beijo, que é manifestação de vida.<br />- Ah. Mas, assim, então... Podia ter pulado pro sexo. É "tão" vida que até "faz" mais vida, né.<br />- Não, obrigada. E eu fico com a flor.Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-74849293412616735922009-10-19T21:27:00.002-03:002009-10-19T21:47:20.615-03:00Do futuro da tentativa de recriar o homem<div align="justify">Tentam e continuarão tentando os doutores da ciência reproduzir um ser humano em laboratório. Mas, é fácil perceber, falharão sistematicamente por séculos. Não descobrirão de que o homem é feito até que parem de se afastar dele. E ora se propõe outra visão: a de que um homem é feito da aglutinção (inter)subjetiva dos seus afetos. </div><div align="justify">Se um dia de fato o perceberem, não tardarão a usar seus métodos positivos. No primeiro experimento, reunião cuidadosamente, depois de demorada e detalhada pesquisa, todos os afetos de um dito indivíduo. Expremerão todos, sugando-lhes o que lhes for possível extrair; tudo porão num grande liquidificador, do qual sairá algo mais ou menos próximo do homem que tentavam reproduzir. Não sairá obviamente o mesmo. O primeiro erro fora tratar-lhe "indivíduo", mas não cabe aqui discorrer mais sobre isso. Mas, igualmente importante, tratou-se de objetivar um espaço indescritível, inenarrável, (inter)subjetivo. Reconhecê-lo é uma experiência mística. Conviver com ele, uma experiência mágica. </div><div align="justify">Com efeito, partindo da premissa de que é um ser a união dos seus, eliminá-los poderia levar à descaracterização daquele. É assim com quem perde um amigo, um pai, perde parte de si; aquele que sente saudades se sente incompleto. Mas esse movimento de incorporação é mútuo: faz-se, mas se é feito. Um ser que de vários é constituído também haverá de constituir vários; de modo que, se se tira um, parece afetar toda a cadeia - quiçá romper o equilíbrio. Nesse ponto, diria, está a mágica. Assim, o apaixonado encontra em si mais vida que antes - e há certamente de propiciar o mesmo. E dê muitos séculos mais para a ciência. </div>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-62015011888828923242009-10-15T21:33:00.001-03:002009-10-15T21:53:44.195-03:00Exoesqueleto<div align="justify">- O que você está olhando?</div><div align="justify">Era aquele besouro que vinha voando em alta velocidade, e, devido a um erro qualquer de percurso, aterrisara mal, tendo caído emborcado no chão, que consumia minha atenção e meus pensamentos. Não era tão grande, era amarronzado, cor-de-fezes, de onde, na verdade, parecia ter acabado de sair. Se contorcia, balançando de um lado para o outro, mas não conseguia se virar. Terminei esquecendo de responder, mas meu olhar compenetrado me acusou.</div><div align="justify">- É isso que te faz divagar? É mais interessante que a história que eu tava contando? Neguei. Embora de fato fosse. Senti-me vivendo uma narrativa de Kafka. Talvez revivendo. Penso que nossos exoesqueletos nos fazem parecer todos um pouco besouros, ou besourescos - não é a melhor das qualidades, mas o humano também não parece ser o melhor que a teoria evolutiva poderia apresentar. E, afinal de contas, os besouros passaram centenas de milhares de anos na linha evolutiva e ainda não conseguiram superar o problema do formato do casco que o impede de se virar, ou talvez a falta de força para inverter a realidade que se encontram. Afinal, tudo seria apenas um problema de perspectiva - definir o que seria enxergar de cabeça para baixo -, não fosse o problema de não conseguir andar. Assim, virar-se de volta era necessário, ou seria a morte. E, ainda assim, é incontável a quantidade de besouros que morrem a cada instante devido a não conseguir se desvirar. </div><div align="justify">- Mais interessante que a Flavinha? </div><div align="justify">Por que eu tinha que ser interrompido enquanto estava pensando? </div><div align="justify">- Por que você não faz algo? </div><div align="justify">- Como o quê?</div><div align="justify">- Sopra. </div><div align="justify">Não era má idéia. Assoprei com força, pensando em ajudar. Ele se levantou, mas a continuidade do sopro e sua força fizeram com que o inseto se desvirasse, mas tornasse imediatamente à posição anterior. </div><div align="justify">- Assim que se sopra, olha.</div><div align="justify">A corrente dessa vez criada permitiu que ele se desvirasse. Olhei a situação toda. Sem hesitar muito - e igualmente sem cerimônia -, eu o pisoteei. </div><div align="justify">- Por que fez isso? </div><div align="justify">Disse não saber. Mas, de verdade, também acho que nossos exoesqueletos escondem dentro de nós o pequeno deus que cada um quer ser.</div>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-90169704008785217572009-09-26T02:41:00.004-03:002009-09-26T03:06:30.756-03:00Cotidiano [2]<div align="justify">Fui acordado mais pelo calor que pela claridade. Chutei um canto vazio da cama à procura de companhia. Não vi quando ela saíra, ou como se desprendera dos meus braços. Procurei sem grande entusiamo o celular para descobrir as horas. Estava por cima dos lençóis jogado, e havia nele uma mensagem: "Não quis te acordar, você está só em casa". Não parecia que estava. Todos aqueles clarões que se misturavam ao silêncio... e eu tinha o dia inteiro para encontrá-la entre eles. A melancolia me prendia ao passado imediato por um presente que me escapou aos sentidos. </div><div align="justify">Só acreditara no que tinha se passado e estava prestes a se passar quando, antes de desligar, dissera: "beijo" - e ela respondera. Não parecia que dormira na casa dela - ela, eu nem sabia direito quem. </div><div align="justify">Ela não me chamou, eu não me impus, mas ambos sabíamos que eu dormiria lá de novo. Cidade nova, fui fazer quaisquer outras coisas. Nem de turista. Fui andar - não totalmente sem rumo, estava na certeza de onde meus caminhos me levariam à noite. Apareci à porta. Ela me esperava. Chamou-me para dentro com o beijo que prometera ao telefone. </div><div align="justify">O turbilhão-de-tudo-novo da cidade grande me atordoava; o cansaço de dias que não viram uma noite me vencia. Meu estado, apesar de pouco álcool, era de ebriedade - mais moral e lírica que etílica. Não recordo de todos os detalhes. Mas a tatuagem que ela tinha e que tomava boa parte das costas... Me intrigava. Parecia se mexer quando ela se contorcia; parecia gritar junto com ela. Não sei como terminou, mas, numa hora, estávamos abraçados. </div><div align="justify">Ela dormia com os cabelos longos sobre meu rosto, tomando meus olhos e minhas narinas. Me viro e tateio a mesa de cabeceira em busca de algo - qualquer coisa, já que não queria nada. Acho e puxo um livro. Depois os óculos; leio algo sobre a teoria da relatividade - sorri pensando que aquilo tudo estava há muito no passado para mim. O tempo alternava entre se arrastar e correr - sem lógica, sem padrão, sem ampulheta, sem observador: eu havia voltado a dormir. </div>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-13155305261610136082009-09-18T21:19:00.002-03:002009-09-18T21:28:35.220-03:00Conversa com deus [5]- Eu sou o maior megalômano do mundo!<br />- Oi, Deus.<br />- Não vi você chegando, MEU filho.<br />- Não vejo grau de parentesco.<br />- Eu sou possessivo.<br />- Achei que tinha megalomania.<br />- Eu sou o homem mais possessivo do mundo!<br />- Homem?<br />- Deus. Mas é que não faria sentido falar no deus mais possessivo de todos.<br />- Nem Alá?<br />- Ele dá 72 virgens.Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-11955111071449204412009-08-29T14:25:00.001-03:002009-08-29T14:30:32.461-03:00Quote-dian<div align="justify"> O sexo acabara de acabar. Não ficaram juntinhos. Ela ligou a televisão. Ele tentou ficar na posição em que estava, um pouco mais próximo, mas estava particularmente frio, então ele virou de lado e se cobriu. Foi tentar dormir apesar de qualquer coisa que passava e que ela, embora não conseguisse, tentava assistir. Absortos por seus turbilhões de pensamentos de fim de dia que preferiam não ter, adormeciam.<br /> É verdade, esta está longe de ser uma história emocionante. Está mais para uma aventura do real. Também não é uma história longa: o tempo passa rápido demais para aqueles que dormem profundamente um sono leve e perturbado. E, ainda por cima, curto. Ele acorda primeiro. Mente vazia. Essa é a melhor maneira de se pegar os sonhos.<br /> Os sonhos começam grandes e complexos, cheios de detalhes, e, à medida que o tempo de sono vai passando e a hora de acordar, se aproximando, ele vai se afunilando, até que, no instante que representa o transe entre viver um mundo e outro, que começa quando certas partes do cérebro diminuem o ritmo de trabalho e termina quando os olhos estão definitivamente abertos, o sonho é representado por apenas um curto fio. Ele segue seu rumo até passar por debaixo da porta que leva para além da consciência, definitivamente trancada com todas as chaves. Os sonhos fogem quando já se sai diretamente do transe a pensar: “está tarde!”, “está cedo!”, ou “preciso lembrar o que sonhei!”.<br /> E, de fato, mantinha a mente vazia, sendo daí capaz de puxar o fio, que ia ficando mais largo, e trazia consigo o sonho, todo fragmentado em pedaços pequenos, imagens congeladas, a pedaços grandes, cenas inteiras, às vezes desfocadas. Poderia costurá-lo novamente, se quisesse. Reviu parte das imagens que perambularam por sua mente nas últimas horas. Cenas que pareciam verdadeiras demais até para a realidade de um dia útil.<br /> Não querendo continuar a rever os caminhos percorridos no sonho, começou a pensar em outras coisas, abriu os olhos, e, com isso, escapou-lhe à mão a corda; dessa forma, o sonho retornou a seu rumo para além da porta inacessível, num movimento tão inevitável como o de um balão de hélio sobe quando a criança se lhe desprende sem querer.<br /> Olhou para os lados com as pálpebras semi-cerradas. Parecia ter sido o primeiro a acordar. Tanto fazia. O sol ainda tímido batia nas cortinas e pedia passagem. Por que tudo aquilo? Tudo isso à noite. Todos esses pensamentos. Todos esses sonhos. Quis crer que a vida era mais simples que o que parecia. Sem qualquer cerimônia, jogou de lado o lençol e, a vestir nada, foi escorregando até o banheiro escovar os dentes. Um novo dia qualquer começava. E como estava quente!</div>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-8046596331433270702009-08-19T23:32:00.002-03:002009-08-19T23:40:29.815-03:00Feliz dia mundial da fotografia!- Hoje se comemoram 170 anos da captura da luz.<br />- Os buracos negros o fazem há muito mais de 170 anos e duvido que tenha um dia mundial para eles.<br />- Mas os buracos negros só foram descobertos bem depois da captura da luz. Logo, viva o nitrato de prata!<br />- A descoberta, feita a posteriori, não muda o fato apriorístico. A teoria da evolução, como a conhecemos, teve seu esqueleto traçado no século XIX, o que não quer dizer que não tenha havido evolução até lá. E as pessoas estão comemorando os 200 anos.<br />- A fotografia captura mas já devolve a luz. Já o buraco...<br />- Mas quem sabe os propósitos? Vai que eles têm as melhores fotos. Ninguém que foi lá já voltou para as exposições de fotografia que temos aqui. <br />- Enfim, feliz dia da fotografia!<br />- Com ou sem flash?Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-52393683355522087022009-08-10T23:48:00.000-03:002009-08-10T23:50:24.753-03:00Conversa com deus[4]<p align="justify">- Não viu o sinal de “não entre”?<br />- Como você sabia que era eu? Ah, já sei, “eu sou deus...”.<br />- Eu ia te mostrar aquela câmera, mas essa versão também serve. Por que entrou?<br />- Achei que era que nem a bíblia, “não entrareis”, tal, mas aqui o céu é lotado.<br />- Isso porque não fui eu que escrevi.<br />- Então é que nem em porta de hospital público. Lá diz “não entre”. É onde eles jogam o poker das 22 horas.<br />- Sei.<br />- Por que você não eliminou os profissionais de saúde? Isto é, eles não vão contra seu Plano? Tentando prolongar a vida de quem deve morrer ou matando logo quem podia viver.<br />- Não acha que já pensei nisso? Pesei as coisas. Vocês morrendo mais rápido só iriam encher as filas aqui no céu. Não acha que a bagunça já está grande demais? Pedro faz jornada tripla. O homem é um santo.<br />- Você o fez assim.<br />- De propósito, é claro, haha.<br />- Você pode fazer um alçapão direto para o inferno.<br />- Hm.<br />- Deixe que nós mesmos, isto é, os homens, façamos a burocracia no pós-vida. Fazemos isso na Terra há anos.<br />- E só deu em merda até agora.<br />- Isso é irrelevante.<br />- Mas, afinal de contas, o que vocês ganham com isso?<br />- Ganhar? Nada. É o inferno. Punição e sofrimento eternos. Lembra? Você que disse.<br />- E você, o que ganha com isso tudo?<br />- Eu? Nada. Só quero te poupar trabalho e estresse, deus.<br />- Diga. Quem você quer que eu te apresente?<br />- Que tal aquela loirinha?<br />- Perto do portão?<br />- É, com os cabelos ao vento.<br />- Aquele é o Hadriel. </p>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-10990452322051442112009-08-10T15:59:00.002-03:002009-08-10T16:22:06.799-03:00Sentir, essência do sentidoNa agonia da existência,<br />faculta devotar-se<br />- à capacidade de sentir<br />e apreciar as sensações.<br /><br />No inexorável passar do tempo,<br />a memória aquece o sentido longíquo.<br />Não é impossível poder<br />sentir latente controle da realidade<br />apreensível.<br /><br />No vórtex de impressões<br />- que traga a estados contemplativos -<br />Cabe destruir os meios e sentir,<br />ou recriá-los para o mesmo fim,<br />seja no particular<br />ou no todo.<br /><br />Expressar é provocar a uma resposta,<br />que será entendida como estímulo.<br />Forma um ciclo:<br />começa e termina na auto-ampliação do sentir<br />- parece ser essa a ilógica do sentido, causa-em-si.Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-7591099520366187342009-08-05T22:35:00.000-03:002009-08-05T22:39:23.725-03:00The frog conundrum<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://maxdunbar.files.wordpress.com/2009/05/redeyed_tree_frog.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 423px; height: 317px;" src="http://maxdunbar.files.wordpress.com/2009/05/redeyed_tree_frog.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;" align="justify">- Vou te contar uma história, ok?</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;" align="justify">- Ok.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;" align="justify">- Bem, havia um laguinho, onde passava um homem. O homem resolveu atirar uma pedra no laguinho, e atirou. Um sapinho que por ali passava viu um ponto preto voando no ar, esticou sua linguinha e engoliu a pedrinha pensando que era uma mosquinha. Sem saber disto, o sapinho sentiu-se satisfeito.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;" align="justify">- Hm...</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;" align="justify">- Existem muitas maneiras de se analisar essa história. Uma primeira pergunta seria: o sapinho estava errado em sentir-se satisfeito?</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;" align="justify">- Claro que sim.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;" align="justify">- O motivo da pergunta é... Como?</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;" align="justify">- A pedrinha que ele pensava que era uma mosca era uma mosca só para ele, e não uma mosca real que faz parte de uma verdade universal e absoluta, a qual todos devem aceitar. Que nem o pastor disse lá no culto.</p>Engelhttp://www.blogger.com/profile/10189862598767476990noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-12162263637482636942009-08-04T22:22:00.004-03:002009-08-04T22:24:06.839-03:00Covinhas- Como na primeira vez em que nos encontramos.<br />- No aniversário de Carlos?<br />- É. Você estava sentado e ele te chamou para te apresentar a mim, e, quando você virou a cabeça para cima, sei lá, teu cabelo “coisou” bem rápido.<br />- Então você gostou disso?<br />- Acho que sim.<br />- É algum tipo de charme. Vou acrescentar à lista.<br />- Não seja convencido.<br />- Calma, linda. Foi você quem falou.<br />- Linda, é? Continue.<br />- Foi assim que eu te ganhei?<br />- E desde quando você acha que me ganhou?<br />- Desde ontem à noite.<br />- Não conta. Eu tinha bebido.<br />- Bebeu porque quis.<br />- Se lembro direito, você me pagou seis doses e outras coisas.<br />- Mas foi porque você me ganhou.<br />- Nem tínhamos conversado direito.<br />- É que tem essa cova.<br />- Como?<br />- Você. Essa cova. Aí. É, aí, no cantinho da boca. Dos dois lados.<br />- Que tem?<br />- É muito charmoso.<br />- Você acha?<br />- Demais. É bonito e charmoso.<br />- Hmm.<br />- Instigante.<br />- Mesmo?<br />- Claro. Aceita um drink?<br />- Por favor.<br />- Aqui. Bom... Você, por acaso... Não teria mais nenhuma, né?<br />- Nenhuma o quê?<br />- Cova.<br />- Fale no diminutivo. Soa menos mal.<br />- Covinha?<br />- É.<br />- Que seja. Você não teria nenhuma, né?<br />- Fora essa?<br />- Sim.<br />- Talvez.<br />- Posso ver? Antes, quer aceita outra dose?<br />- Quero sim. E eu não falei que tenho. Só que talvez tenha.<br />- Onde?<br />- A covinha?<br />- A cova. Onde fica?<br />- Outra dose e eu mostro.<br />- Onde? Nas costas?<br />- No banheiro.Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-21030113572976960672009-08-02T22:14:00.002-03:002009-08-02T22:23:14.538-03:00Sétimo dia<a href="http://farm4.static.flickr.com/3150/3094931953_db5af35687.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 500px; CURSOR: hand; HEIGHT: 332px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://farm4.static.flickr.com/3150/3094931953_db5af35687.jpg" border="0" /></a><br /><p align="justify">Mentiu quem disse que o sábado era o sétimo dia e foi tolo quem acreditou. Alguém precisava, afinal, justificar o fato de um primeiro dia se chamar “segunda”. Ou podem ser culpadas por isso as trevas de um espírito preso. O domingo costuma ser um dia essencialmente contemplativo. Esse dia fatídico, que não parece se diferir de outro qualquer além do fato de preceder um dia de trabalho e não ser, a priori, um dia para labutar, está cercado de certa mística impossível de desvendar. Nesse dia, os espíritos livres, as almas de papel e os cérebros de esponja estão perturbados ou constrangidos por força indescritível. E isso vem de muito longe. No sétimo dia, um domingo não diferente do de hoje, deus, depois de desistir de uma pedra grande demais, sentou sobre um banco em frente ao mar. Abriu os olhos e contemplou o mundo, a absorvê-lo na mais magnânima e sinestésica apreciação estética. E então chorou: havia criado um mundo que unia, sem paradoxos, uma contradição: beleza e dor. E o que fizera não tinha mais como desfazer.</p><br /><div></div>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-56021842351485408802009-07-28T15:59:00.003-03:002009-07-28T16:18:18.090-03:00Pontos de vista<div align="justify">Seu Silva tinha muitos amigos naquela pracinha. Conheciam-se há algum tempo, isto é, desde suas aposentadorias, quando se tornou possível freqüentar a pacata e decadente praça naquele antigo bairro próximo da praia. Lá, faziam coisas da idade: jogavam damas, conversavam potoca. Contavam as histórias das maiores aventuras passadas ou sofridas na juventude, de como eram sagazes e escapavam, muitas vezes, ilesos. Bebiam ocasionalmente uma cervejinha - Seu Ferreira lembra que, para quem trabalhou 40 anos e um dia pára, todo dia parece sexta-feira. Olhavam as moças novas passarem e não deixavam de fazer suas gracinhas e estrupulias para chamar atenção e, quem sabe, ganhar um olhar ou piscadela. Isso e tudo o mais, faziam-no para evitar pensar ou reconhecer que envelheciam. Mesmo com as marcas no rosto, mesmo com os costumes e roupas que mantinham - ninguém era tão vaidoso assim. Seu Barbosa fazia questão de pagar passagem inteira no ônibus; Seu Almir jura que nunca pagou meia entrada no cinema; Seu Antônio ia no bar e discutia com quem não acreditava quando ele alegava ter só 54. Diziam que, assim, não se sentiam velhos, e se misturavam às pessoas maduras alguns anos mais novas. Bobagem, pensava Seu Silva. Há anos ele se locomovia de graça em transporte público, que pagava meia entrada no cinema ou 50% das diárias de hotéis - mesmo antes de completar a idade permitida para tanto. Assim, dizia ele, pensava voltar à tenra época em que era estudante e o mundo se abria em oportunidades e conhecimento. Achava que era mais feliz assim. </div>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-67917203215252170692009-07-19T21:07:00.003-03:002009-07-19T21:25:36.673-03:00Exame- Bom, meus parabéns, você chegou na última etapa. Como você já deve saber, esse é o exame psicológico.<br />- Sim, eu sei. Me preparo para este concurso há 15 anos.<br />- Ótimo. Então, primeira pergunta: você é doido?<br />- Não.<br />- Louco?<br />- Não.<br />- Insano?<br />- Não.<br />- E excêntrico?<br />- Já me chamaram assim. Mas não.<br />- Você toma remédio controlado?<br />- Não. Mais. Não mais.<br />- Por que suspendeu?<br />- Enchi.<br />- Hm. Ok, então, última pergunta: você já consumiu ou consome drogas?<br />- Sim.<br />- Vamos tentar de novo: você já consumiu ou consome drogas?<br />- Sim.<br />- Drogas ilícitas.<br />- Sim, já disse.<br />- Bom...<br />- Você devia me passar.<br />- Como?<br />- Usei outra estratégia.<br />- Qual?<br />- Sinceridade. Você devia me passar.<br />- Por quê?<br />- Porque isso é uma qualidade em falta no serviço público.<br />- É verdade. Você não está drogado agora, está?<br />- Talvez.<br />- Tá, vou fingir que não ouvi isso...<br />- Eu estou.<br />- ... Seja bem vindo ao serviço público!Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-15284653080780018852009-07-11T15:59:00.005-03:002009-07-11T16:08:23.331-03:00Papos contemporâneosDiz: responde!!<br />Diz: desculpa, tava escrevendo uma resposta na janela da minha filha.<br />Diz: como assim? a Júlia?<br />Diz: a única que nasceu até agora.<br />Diz: mas ela não tem 3 anos?<br />Diz: é, e eu já tinha pedido pra ela me ensinar a operar esses mecanismos via internet há mais tempo.<br />Diz: "i see babies cry, i watch them grow..."<br />Diz: "... they'll learn much more then i'll ever know"<br />Diz: ao menos a música não muda.<br />Diz: era um remix.<br />Diz: entendo.<br />Diz: olha, recebi uma mensagem da minha filha.<br />Diz: a Júlia também manda sms?<br />Diz: não, a Camila. ela já queria avisar que só nasce se o hospital tiver wifi.Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-18978299020230179442009-07-07T13:59:00.005-03:002009-07-07T14:19:14.109-03:00Novo papa diz: "Igreja encontrou seu caminho"<div style="text-align: justify;">Depois da súbita morte de Bento XVI e da ascenção do novo papa, que decidiu se chamar João, o que faz delo o XXIV, muitas mudanças severas se passaram na Igreja Católica. O papa revolucionário encabeçou um programa que resolveu chamar de "O Plano da Mudança, UI", em que o "U.I." quer dizer 'Universal e Institucional", e consiste, basicamente, em mudar a estrutura da Igreja.<br /></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;">O papa João XXIV nasceu em 1948, em Roma, mas veio logo cedo para o Brasil com os pais, tendo se instalado em São Paulo. Quando perguntado sobre seu nascimento, o papa confessa: "eu renasci na década de 70, quando me juntei aos padres do nosso seminário e decidimos nos dar... toda a liberdade!". Eleito cardeal há alguns anos, sempre retornava ao Brasil para participar de manifestações públicas em favor dos direitos das minorias, pelos quais lutava em vários países do mundo. A imagem do então cardeal era ainda mais freqüente nas manifestações do orgulho homossexual.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvsJiphEPbu9oSVv_UJ5wgP1NV4tTbVRfS0z_JrYbT1xzsuukDxII2Vv0P-OyDbSVv_UPfon9z7CxbS_oEfsUv2F9qK2vtbwLLUE5FjlC9_Hbotv-xK7WDbwtiq3ldbIQUaW_0WH9pz6g/s1600-h/priest.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvsJiphEPbu9oSVv_UJ5wgP1NV4tTbVRfS0z_JrYbT1xzsuukDxII2Vv0P-OyDbSVv_UPfon9z7CxbS_oEfsUv2F9qK2vtbwLLUE5FjlC9_Hbotv-xK7WDbwtiq3ldbIQUaW_0WH9pz6g/s320/priest.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5355768373786800242" border="0" /></a><br /></div>Com o novo programa do Vaticano, a intenção é manter boa parte das antigas leis e tradições, mas só depois de serem revistas. Dentre as antigas tradições, ainda se proíbe aos sacerdotes o casamento. A justificativa foi reafirmada: um padre não pode ter filhos. "Sim", afirma João XXIV, "mas isso não impede que ele mantenha relações que não levarão à gravidez". Assim, fica permitida a prática homossexual entre os sacerdotes. Manifestações mundo afora foram organizadas: a notícia foi recebida com imenso louvor. Analistas confirmam que, por um lado, foi uma medida que reconheceu que havia afastamento de muitos cristãos da Igreja e visava a não só os atrair de volta, como conquistar o público homossexual de maneira geral, que agora encontra uma religião que o aceita. O papa João XXIV conclui: "antes dessa reforma, como esperavam que a gente se desse a Jesus?".<br /><br />Fonte: Arial 11.<br /></div>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-39100622963400357862009-07-06T14:01:00.003-03:002009-07-06T14:14:15.039-03:00O embate entre direito interno e internacional<div style="text-align: justify;">A questão que se põe entre o direito interno e o internacional pode ser comparada a um problema no elevador. Num prédio público, um senhor impaciente aguarda as portas se fecharem para seguir subir ao último andar. À distância, ele vê duas senhoras se aproximando, a passos rápidos, na tentativa de evitar perder a viagem. Em parte por consideração, em parte por educação, ele, que também gostaria que outros agissem da mesma forma com ele, não aperta o botão de fechar, embora também não aperte o de manter as portas abertas. Uma das senhoras chega e põe a mão na frente do sensor do elavador.<br />A situação está estabelecida: ambos, o homem e a mulher, desejam subir. Podem subir juntos ou separados - a ele, não agrada ter que a esperar; a ela, não agrada ir depois dele. Ambos querem operar o elevador, que é o Estado. O homem dentro do elevador é o governo de um Estado, e a senhora representa um outro. O direito internacional é aquele que agiu na cabeça do senhor e o fez ter certo nível de complascência. O direito interno é aquele que o dá a possibilidade de agir da maneira que julgar melhor, apesar de todas as possíveis conseqüências. O direito internacional está expresso no sensor do elevador, que capta a necessidade de ambos, mas privilegia a coordenação da ação dos dois - afinal, o elevador já vai subir mesmo, por que não levar logo a ambos? O direito interno está expresso na vontade realizada do senhor: ele aperta o botão de fechar as portas.<br />A justiça continua cega. No embate entre as duas esferas, sempre alguém sairá perdendo. Neste caso, a mão.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg49UALsF5hpfYU6rhSupVfeEyklcB01dWZFVjbr9Kip4OXsILIA2wfU_YnEYSIPkfIzlGXySQT9XctjvD6H_EhkpOpD5puzahbwIa2R9gt6OxfJV5ZJ1pY6jl4mgcR0j5YKC4BKJYIFFU/s1600-h/elevador.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 250px; height: 228px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg49UALsF5hpfYU6rhSupVfeEyklcB01dWZFVjbr9Kip4OXsILIA2wfU_YnEYSIPkfIzlGXySQT9XctjvD6H_EhkpOpD5puzahbwIa2R9gt6OxfJV5ZJ1pY6jl4mgcR0j5YKC4BKJYIFFU/s320/elevador.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5355396577526829362" border="0" /></a><br /><br /></div>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-81752234224100464972009-07-05T15:25:00.004-03:002009-07-05T15:58:15.851-03:00Pós-contemporaneidade<div align="justify">- As coisas mudam...<br />- O que quer dizer?<br />- Na época dos meus avós, era comum conhecer a maioria das pessoas que moravam nas vizinhanças, fosse um bairro ou vilarejo.<br />- É verdade.<br />- Meus pais, já um pouco avançados em idade, falam, saudosos, que conheciam todos os vizinhos com cachorro.<br />- Pelo fato de que saíam à rua pra passear, e encontravam e davam-se bom dia, né?<br />- No caso do meu pai, sim. Minha mãe não tinha cachorro, mas tinha o sono leve. Cada noite ela lembrava de todos os vizinhos que tinham cachorro.<br />- Meus pais criavam peixe.<br />- Ao menos conheciam o cara da venda que fornecia a ração.<br />- De fato.<br />- Ninguém hoje costuma lembrar que tem vizinho. Só quando ele dá festa, e só para ficar amargurado ou reclamar do barulho.<br />- É, as coisas mudam...<br />- O que quer dizer?<br />- Antigamente, quando nossos avós eram jovens, era romântico e bonito dizer “eu te amo”.<br />- Com a revolução sexual, isso passou a ser “eu te desejo”, e, depois das militâncias feministas, “eu te respeito”.<br />- O que você acha de hoje?<br />- Me incomodo com tanto pragmatismo.<br />- Eu também. Minha filha decidiu morar com o namorado quando ele falou: “tudo bem, eu posso comprar o pão hoje, já que você vai trabalhar até mais tarde”. </div><div align="justify"></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5355051415110465378" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 273px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNhQb-nfzbqmm9RcMG9bTxa2fXA6o3G4vBguSd-EsUgzA1eIFqQLMtiq3tpzv_tk054-a_Ggzs9IA8Yim5Wm24OzVToYbtQAOOjwW6dyEr8uR10Xusjf15haYrHZPwi_G-iIJkPh_X1g8/s320/old+times.jpg" border="0" />Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-12099572674332067202009-06-28T00:40:00.004-03:002009-06-28T16:33:01.472-03:00A Pátria"(Sarajevo, 1946) Aqui, como em Belgrado, vejo nas ruas um considerável número de moças cujos cabelos estão ficando grisalhos, ou já o estão completamente. Têm os rostos atormentados mas ainda jovens, enquanto as formas dos corpos traem ainda mais claramente a sua juventude. Parece-me ver como a mão desta última guerra passou pela cabeça desses seres frágeis[...]<p>Tal visão não pode ser preservada para o futuro; essas cabeças logo se tornarão mais grisalhas ainda e desaparecerão. É uma pena. Nada poderia falar tão claramente sobre nossa época às futuras gerações quanto essas jovens cabeças grisalhas, das quais se roubou a despreocupação da juventude.</p><p>Que pelo menos tenham um memorial nesta notinha.</p><p>Ivo Andric"</p><p>Cruel e impiedosa, sem dúvidas. Apesar da bandeira que carregavam nos ombros, havia um sentimento que crescia gradativamente exigindo o fim da luta, sem importar-se com vitória alguma.</p><p>Partamos de Sarajevo, onde Andric começou o texto. Vamos mais para o noroeste. Lá, durante a primeira guerra mundial, em uma certa aldeia francesa perto da fronteira com a Alemanha, estava no auge um dos vários conflitos. Este possuía as seguintes características: avançar pela planície era suicídio, dada a defesa extraordinária de ambos os lados; tanto franceses quanto alemães cavavam com instrumentos primitivos, inclusive as próprias mãos, túneis incrivelmente longos para que, com um pouco de sorte, acabassem embaixo dos inimigos, onde plantariam bombas; e, principalmente, como os túneis eram os únicos meios de atingir seus adversários, todos sabiam que o conflito nunca acabaria. Mas, como sempre, a bandeira urge e o soldado obedece. Ou será que não?</p><p>Após dois ou três anos de conflito, a maioria dos combatentes já havia entendido o significado vazio da batalha. Em algumas partes dos túneis podia-se ouvir o que os inimigos discutiam e, o que a princípio era usado para espionar o adversário, passou a ser utilizado para avisar aos combatentes do lado oposto o horário e o local exatos da explosão das bombas. Sempre que possível, soldados de ambas as nações saíam das trincheiras para conversar um pouco e até jogar baralho. Aos poucos o conflito foi adquirindo um ar pacífico e um fim declarado pelos próprios soldados, sem consulta aos superiores. É interessante constar que os alemães contavam com um camarada combatente chamado Adolf Hitler. Este não concordou com as atitudes filantrópicas dos soldados, chamando-os de traidores, mas até ele achou que tal batalha não possuía vantagens ou sentidos.</p><p></p><p><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 183px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsd0DJVvrqVFbLD3NBj7Aw_iObmIgUjK2F0236mze4soJIa1Y7n-Cg07uRlfIue-XoJIMgyd50XYxL7g9LkyxJ0O5b-d9th3czyAd3O0ITGKsrSPnyInPt7DFlLYkiGfAzYhj0sbqW4f4/s400/Alemães+e+franceses.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5352218464211695378" /></p>Raelson Fariashttp://www.blogger.com/profile/11969261451486174713noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-47907760129468635932009-06-26T23:11:00.001-03:002009-06-26T23:12:55.707-03:00Lula diz que projeto Azeredo é censura na InternetO presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje em Porto Alegre, no 10 Fórum Internacional Software Livre - fisl10 - que no governo dele é proibido proibir. A frase de Lula foi uma referência ao projeto de lei do senador Eduardo Azeredo, que propõe vigilância na Internet. O presidente foi ovacionado pelos milhares de participantes em sua primeira visita ao fisl, que mostraram uma faixa a ele, pedindo que vete a lei Azeredo. Sem afirmar que vai vetá-la, mas sinalizando que se trata de censura na Internet, Lula disse que antes o projeto precisa passar pelo Congresso.<br /><br />Texto completo e fonte: <a href="http://fisl.softwarelivre.org/10/www/06/26/lula-diz-que-projeto-azeredo-e-censura-na-internet">http://fisl.softwarelivre.org/10/www/06/26/lula-diz-que-projeto-azeredo-e-censura-na-internet</a>bi0hazardhttp://www.blogger.com/profile/09249276899412581321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-70531037338375551522009-06-18T20:45:00.003-03:002009-07-12T23:49:18.287-03:00Pequenas transgressões<div align="justify"><br /></div><div align="justify">São muitos os palhaços que, ao final de um dia de espetáculos, engavetam o nariz vermelho.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">Viver numa cidade formal permite observar alguns fenômenos no mínimo curiosos, e o que descreverei é um desses. Pude observar, o que não me custou muito tempo nem capacidade interpretativa, que há, dentre os cidadãos que trabalham vestindo o que vocabulário comum chama de roupa formal - ou costume completo, terno e gravata -: são os que o fazem por elegância, os que o fazem por obrigação e os fantasiados. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">Em verdade, quase todos os que se encaixam nesse grupo o fazem por obrigação de trabalho. O segundo grupo, de fato, é aquele que veste a camisa sem se importar; faz porque tem que fazer e tudo bem por isso. O primeiro grupo se sente bem na vestimenta; está elegante e auto-confiante; volta para casa no seu carro com um condicionador de ar ligado em alta potência. O terceiro grupo, que mais chama a atenção, é o grupo dos, como dito, fantasiados.</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">Esses não vêem diferença entre uma fantasia de Halloween e a roupa de trabalho - excetuando-se que o primeiro certamente há de ser mais divertido. Se lhes impusessem ir ao trabalho trajando-se de Noel, daria na mesma. Usam o que usam por falta de opção. Em especial a gravata; há poucas peças tão inúteis e anti-práticas como as gravatas. São tão desconfortáveis que boa parte dos homens opta por prendê-las. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">Essas pessoas passam o dia presos numa jaula que só cabe o próprio corpo - e muitas vezes nem isso. Até que dá a hora de sair. </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">Mal atravessam a porta, e muitas vezes antes disso, afrouxam a gravata; voltam uma casa do cinto; desabotoam um ou dois dos primeiros botões da camisa; desencam-na; o terno vai parar dobrado no braço, ou, no caso da mão que se deita sobre o ombro, apoiado sobre um par de dedos - típica cena de fim de trabalho. Para a sociedade, são deselegantes, e eles sabem disso. Mas, numa cidade sempre cheia, também sabem que não tem ninguém olhando - todos estão voltados para seus pequenos problemas no fim de um dia normal de trabalho. E assim saem à rua, voltando para casa geralmente a pé, de bicicleta ou ônibus. Felizes com suas pequenas transgressões. </div><div align="center"><br /></div><div align="center"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 406px; CURSOR: hand; HEIGHT: 282px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://farm3.static.flickr.com/2645/3714705469_bb911ce702_b.jpg" border="0" /></div><p align="center"><span style="font-size:85%;">(imagem de Mateus Massa: <a href="http://www.flickr.com/photos/mateusmassa/">http://www.flickr.com/photos/mateusmassa/</a>) </span></p>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-29609110004414623972009-05-31T00:07:00.005-03:002009-05-31T00:33:41.330-03:00Aniversário<div align="justify">- Preciso de uma dica. Quero dar um presente pra uma amiga. É aniversário dela e não faço idéia do que dar.</div><div align="justify">- Não dá nada.<br />- Vai, ela é mulher também, me dá uma ajuda.<br />- Você gosta dela?<br />- Sim, somos amigos há muito tempo. Isso que é o problema: já dei todo tipo de presente pra ela, e não sei mais o que dar nesse ano.<br />- Flores?<br />- Já foi.<br />- Chocolate?<br />- Já.<br />- Roupa?<br />- Muitas.<br />- Coisas pra cama? Enfeites? Pelúcia? CD? Dvd? Livro? Cartão?<br />- Todos. Até cartão. E ela odiou. Foi, aliás, ano passado. Por isso que tem que ser algo bom nesse ano.<br />- Com homem é tão mais fácil.<br />- Como assim? É mais fácil dar presente?<br />- Não, falei de sexo. Nunca viu? Não sabe o que dar pra um homem, dá uma noite especial.<br />- É, já tinha acontecido, mas eu nem notei. Tou acostumado a não ganhar nada. Meu aniversário sempre passa em branco.<br />- Comigo também. Só os amigos mais íntimos sabem.<br />- Eu não sei o seu.<br />- É...<br />- Mas você também não sabe o meu.<br />- Então estamos quites.<br />- Quer trocar as datas e subir um degrau na amizade?<br />- Pode ser. Vou ganhar presente com isso?<br />- Depende. Sexo conta?<br />- Conta.<br />- Bom. Então, o meu é 6 de março. Quando é o seu?<br />- Toda sexta à noite. Comemoro lá em casa com uma garrafa de vinho. </div>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-14896417881984392482009-05-14T19:44:00.004-03:002009-05-14T19:56:43.858-03:00Liberdades<a href="https://qkqidq.blu.livefilestore.com/y1m5zXj6FIGTk62ngby45Lss7HVMCxPJGYK0S-oUAMM2wti47Dcrv-33uIvqQCb7nckPCdEYfSvDR2FgvwTKsjjUHXjdwSYRtNoEy3N64ZyzPIpag_Y8xLAIZI9RCyVOODh9lGPNOyqxSc/liberdades%5B6%5D.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 521px; CURSOR: hand; HEIGHT: 360px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://qkqidq.blu.livefilestore.com/y1m5zXj6FIGTk62ngby45Lss7HVMCxPJGYK0S-oUAMM2wti47Dcrv-33uIvqQCb7nckPCdEYfSvDR2FgvwTKsjjUHXjdwSYRtNoEy3N64ZyzPIpag_Y8xLAIZI9RCyVOODh9lGPNOyqxSc/liberdades%5B6%5D.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Quando criança, muito me entretinha caçar ateus convictos e enchê-los de perguntas clichês sobre suas convicções. Gostava disso primeiro porque às vezes provocava irritação, imagino que, em parte, por vir de alguém tão jovem, e isso os levava a não responder. Às vezes divagavam com algum comentário engraçado, nem sempre inteligente, às vezes respondiam com ignorância. Tinha dois terços de chance de me divertir com a reação. Das perguntas que fazia, a que mais provocava reações adversas era o "então, por que não matar?". </div><br /><div align="justify">Mais que pela brincadeira, realmente queria saber o que os impedia de, numa situação adversa, potencializada por um acesso de raiva maior que o comum, desferisse um golpe letal contra seu oponente. Talvez por esperar por uma resposta grandiosa, era a única que não conseguia ser respondida. Algumas reações como as acima já eram esperadas e se repetiam. Em outros casos, a conversa tendia a rumar para "não são os ateus que matam, e sim os religiosos fanáticos". Mas nunca recebia nada a contento. E isso tudo me intrigava. Essa liberdade que eles tinham - e eu não.</div><br /><div align="justify">O tempo me trouxe amadurecimento e consciência, e, com eles, essa liberdade de que hoje gozo. E o que fazer dela? Uso? Num mundo onde é possível eliminar fisicamente o adversário, fazê-lo? Não. Até poderia; se quisesse, teceria para mim mesmo um conjunto de preceitos morais que mo permitisse fazer. Mas, mais uma vez, não. Ninguém escala ao cume de uma montanha para respirar o ar doce, puro - e rarefeito - e dela se atirar em direção ao chão. É a liberdade; e o melhor uso que se faz dela é reconhecê-la e facultá-la, para, assim, senti-la. </div>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1051474161167707964.post-53462234618421080422009-05-11T22:50:00.007-03:002009-05-11T23:27:15.939-03:00Orgia filmada por padre resulta em cooperação bilateralO padre, que exercia suas atividades no interior do Estado da Paraíba, gravou dois vídeos em que aparecia a fornicar com um casal do seu círculo de amizade.<br /><div><div align="justify"></div><div align="justify">O menàge teria sido disponibilizado no blog pessoal do padre. </div><br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5334757213696387826" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; CURSOR: hand; HEIGHT: 251px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQCo3BOH7JBed_JOAv0x4pCCpXEeTtsNFubOQJ8Uxj4E6qkyt2V3BFfwECx4v4lkQ2Z-xXWnfe4ZBMPhUzJMpKAvEdMq_yTG3MmC5ymdHDOWCK87TdhK61CraNVeHUfYTckxQGEafYiQQ/s320/PAdre_Duarte_2.jpg" border="0" /><br /><div align="justify">Depois de 49 minutos de exibição pornô contínua e muitas visualizações anônimas da comunidade cristã da região, interessada em averiguar a integridade moral do sa, os vídeos teriam sido retirados do site da morsa.</div><div align="justify"></div><div align="justify">A arquidiocese local manifestou publicamente, ao lançar um texto num jornal que abrange todo o estado, dizendo-se embaraçada com o fato. </div><br /><div align="justify">A questão, entretanto, atravessou fronteiras. </div><div align="justify"></div><div align="justify">Fontes mais recentes* afirmam que no jogo de xadrez da política sulamericana (o Peão, a Dama, o Cavalo...), o Bispo, presidente paraguaio Fernando Lugo, teria feito uma ligação e se comunicado diretamente com o sacerdote brasileiro.</div><br /><div align="justify"></div><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 184px; CURSOR: hand; HEIGHT: 232px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/foto/0,,14440089-EX,00.jpg" border="0" /><br /><div align="justify">Entrando em contato com a arquidiocese local, teria conseguido concluir a remoção do padre para assumir uma arquidiocese no Paraguai. Depois, já se fala em um acordo proposto pelo presidente paraguaio para, com ajuda do padre paraibano, incentivar a construção de escolas para meninas que desejam ingressar na vida religiosa. Com gosto. </div><br /><br /><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 269px; CURSOR: hand; HEIGHT: 292px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://ateus.net/humor/cartoons/imagens/dia_da_pedofilia_3.jpg" border="0" /><br /><div align="justify"><span style="font-size:85%;">* Fontes: Times New Romans e Comic Sans (12).</span></div></div>Pisterovixhttp://www.blogger.com/profile/17224057094155864699noreply@blogger.com5