Grandes são os preparativos chineses para uma das maiores festividades do mundo, os jogos olimpícos, que terão, neste ano, sede
Em março, tibetanos tomaram as ruas de Lhasa, capital do Tibete, com o 49º aniversário da insurreição contra a dominação chinesa. Os protestos exigiam mais autonomia, preservação dos direitos humanos e foi fomentado pela especulação internacional pré-Olimpíadas. Os tibetanos contam cem mortos até agora, embora o governo da China admita apenas dez. "[A China] irá garantir sua soberania nacional e integridade territorial", disse Liu Jianchao, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. A Região Autônoma do Tibete, que arrecadou US$ 17,5 milhões com o turismo em 2006, não vai receber turistas até depois dos jogos, em retaliação chinesa. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Jiang Yu, garantiu que eram “medidas especiais para uma situação especial".
O vice-diretor da ONG Radio Free Asia, Karma Dorjee, explica, em entrevista à Folha de S. Paulo, o interesse chinês na dominação da área: "o Tibete está no topo do mundo; uma vez que você tem o controle do Tibete, controla grande parte do sul da Ásia, e parte da Ásia Central". Sobre os protestos, Dorjee, além de citar a passagem da tocha olímpica pelo Tibete, acrescenta "as razões financeiras, pois todo o poder econômico está nas mãos dos chineses, e os tibetanos querem participar das atividades econômicas dentro de seu próprio país".
Mais recentemente, a China lançou uma campanha educativa no Tibete, de nome "Oponha-se ao separatismo, Proteja a estabilidade, Encoraje o desensolvimento", pretendendo denunciar o Dalai Lama, Nobel da Paz em 1989 e líder espiritual tibetano, freqüentemente acusado de arquitetar as manifestações, bem como estreitar os laços com a população tibetana. A China vem aumentando as chamadas "campanhas patrióticas" dentro - e agora fora - dos monastérios.
Apesar dos rumores, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, alegou se opor a um boicote aos jogos olímpicos, o que feriria o princípio de não-politização. "Nós acreditamos que um boicote não resolve nada", disse Rogge. O porta-voz do Ministério de Segurança Pública da China, Wu Heping, afirmou ter encontrado indícios de um plano de sabotar os jogos - em alguns dos mosteiros que foram vistoriados por autoridades policiais após as revoltas de duas semanas. O dirigente não apresentou evidências ou detalhes da ação planejada, mas disse que vasto armamento foi coletado nas instalações visitadas.
Diversas críticas internacionais recaem sobre o país pela forma como vem lidando com as manifestações contra seu domínio no Tibete. O governo candense ofereceu apoio para que haja diálogo, embora não tenha definido os termos dessa ajuda ainda. A França aprofunda as críticas sobre o tratamento violento e pede o fim da repressão ao Tibete e liberdade à imprensa internacional para permanecer na área. Austrália e União Européia pediram que o governo chinês encontre uma solução pacífica para a questão.
Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, reafirmou o apoio à política de uma só China e aos jogos olímpicos, descartando, junto com o presidente Luís Inácio Lula da Silva, a possibilidade de um boicote, como sugerido por vozes da mídia internacional. A China, por outro lado, tem tratado o Tibete como uma questão unicamente interna, rejeitando, de forma nem sempre diplomática, as iniciativas ocidentais.
Um comentário:
é realmente digna de uma capa, Phil! :D
Adorei! E com as ilustrações ainda ficou melhor.
:**
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