quinta-feira, 26 de junho de 2008

Sim ou não?

A comercialização de armas no Brasil deve ser proibida? As justificativas de proibição e as razões para manter são muitas, portanto quando algo tiver de ser eleito, deve analisado com atenção para votar corretamente.

Alguns motivos são usados como desculpas pelas mídias para alienar a população, "jogando" as opiniões de lado para outro, alternando entre "sim" e "não".

Uma das principais justificativas para se proibir o comércio é o fato de alguns casos extras, como suicídios ou mortes por acidente, uma bala perdida ou brincadeiras que resultam em reportagens "trágicas", porém culpam-se apenas as armas e não se vê que qualquer outro tipo de objeto também possa causar isso.

Um outro motivo é uma certa conspiração usada pelas mídias (associadas a empresas privadas de segurança) que apóiam o desarmamento para que mais tarde a população veja a necessidade de contratar seguranças particulares, uma vez que o policiamento hoje não é afetivo.

Por outro lado, um dos maiores argumentos usados para manterem-se as armas em circulação é mais real, devido à proteção que as armas podem proporcionar, e ainda mais importante é o direito público que deve ser mantido, afinal, ninguém é obrigado a ter uma arma, mas não podem retirar de quem deseja portar uma.

Outra razão para não proibir é uma confirmação para um assalto bem sucedido, já que o ladrão sabe que a população não terá "defesa", de certa forma aumentando o índice de assaltos.

O referendo utiliza bastante dinheiro público, gastando com mídia, querendo tirar um direito dos cidadãos, enquanto o mais importante é desarmar o bandido, melhorar o policiamento, além de não privar a comercialização de armas no Brasil.


(Também sobre o referendo de 2005...)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Referendo

Cuidado para não confundir a palavra com “reverendo”. Até porque, de santo, esse referendo não tem nada. Quer desarmar os inocentes, e deixá-los em desvantagem maior perante os criminosos. Mesmo assim, nem todos os inocentes, já que, creio eu, nenhum barbeiro do trânsito certamente perderá sua carteira. E quem for rico, importa a arma – importar não é crime, ainda mais quando acompanha propina.
Os ditos malucos ficarão sem proteção contra a Morte – o que faz todo o sentido, porque, afinal, que “saco de ossos” não se romperia com um disparo de arma de fogo?
E qual o interesse do atual governo neste desarmamento? Na Alemanha, Hitler desarmou a população de para aplicar seu golpe sem risco de revoltas civis armadas. Não que Lula faria uma coisa dessas, claro, apesar de apoiar cegamente o “sim”. Seja lá qual for a intenção, a rede de televisão mais assistida do globo também tem feito a sua parte. Isenta de impostos, basta fazer seus shows beneficentes e propagandas, muitas propagandas do governo. E todas as personagens de novela (mesmo que fora dela) estão lá.
Você é a favor do desarmamento? Os ladrões também. Assim a gente pode vender o arrecadado para Bush, podendo ele, então, conquistar mais territórios, supostamente à procura de armas de destruição em massa – apesar de sabermos tratar-se da terrorista mais procurada do mundo, a Katrina.
Nada contra o nosso presidente, mas fiquei sabendo por fonte segura que ele guarda duas pistolas em casa. E a polícia deve ficar de sobreaviso - ele prometeu inúmeras vezes dar fim à corrupção e à inflação.
Vamos deixar de lado essa história do desarmamento? Podíamos acabar com a polícia como conhecemos e instaurar pacíficos policiais de tacos de baseball. Ao menos iria diversificar o arsenal criminoso.
Não trágico que fosse, seria cômico pensar no discurso do pessoal dos direitos humanos. “Estávamos testando a população brasileira para saber com que tipo de povo temos que trabalhar, e ficamos sabendo que vocês votam ‘sim’. É inumano!”. E eu quero ver Lula levantar um dedo, nem que seja o mindinho, para falar alguma coisa. Aliás, retiro o que disse. Certamente, ele dirá: “mas eu não sabia de nada! Mandaram desarmar e nem me avisaram...”.



Texto sobre o referendo de 2005 - quem não lembra?. Engraçado o que se faz com três anos a menos e muita indignação.

sábado, 21 de junho de 2008

Desejo

- Amor, eu...

- Não, agora é tarde. Cadê suas roupas?

- Mas...

- Conte-me com quem foi.

- ... Com aquela minha amiga, a Joana.

- Foi com a Joana?! E eu sempre tive tanta confiança nela...

- É....

- Como foi?

- É... ela ligou pra mim...

- E ainda foi ela que ligou pra você?!

- ... E... me levou pra almoçar com ela... nós nos divertimos bastante, e...

- ...

- ... E... então ela perguntou se eu queria conhecer algo novo...

- Não...

- Então eu topei... E nós fomos...

- Não... não...

- Chegamos lá, era um lugarzinho pequeno com um nomezinho na frente... A gente chegou lá e tinha várias mulheres vestidas muito parecido... Elas falaram com a gente, foram suuuper simpáticas... e...

- Não diga mais...

- ... Elas nos levaram pra um lugarzinho mais reservado... Lá fizeram elogios, tocaram na gente...

- Não acredito!

- ... A gente gostou, é verdade... Ficamos empolgadas com aquela coisa inteira...

- ... !

- E...

- ... !!

- Então eu e a Joana entramos numa salinha ainda menor... Nós tiramos a roupa... Então...

- Então...?!

- Então elas deram essa camiseta e esse short pra gente... E... E...

- ?!

- Tá bom!... Tá! Eu admito! Nós tivemos vontade, e... Nós demos pra elas!

- O quê?!

- É! Nós demos! Nós doamos! NÓS DO-A-MOS! Você ouviu bem!

- Mas você me falou que ia fazer compras! Você falou... Você me mentiu pra mim! Você... como você pôde fazer isso comigo?

- Foi... foi... me desculpe! Mas eu doei! Eu quis doar minhas roupas! Eu vi aquela situação triste lá daquele casebre... E eu precisei doar! Eu nem usava direito!

- ...

- Me perdoa?

- ...

- Vai... Me perdoa? Você ainda me ama?

- Rá! Típico apelo de esquerda moderna... Seu depoimento foi protocolado. Agora aguarde uma visita Democrática.

Adagio for Strings




In November 1938, conductor Arturo Toscanini led the NBC Symphony Orchestra in the premiere performance of Samuel Barber's "Adagio for Strings." The concert was broadcast from New York to a radio audience of millions across America.
Celebrated for its fragile simplicity and emotion, the "Adagio" might have seemed an odd match for Toscanini, known for his power and drama as a conductor. But according to Mortimer Frank, author of Arturo Toscanini: The NBC Years, despite the director's force and intensity, he was capable of "wonderful delicacy and tenderness and gentleness."
The year 1938 was a time of tumult. America was still recovering from the Depression and Hitler's Germany was pushing the world towards war. Toscanini himself had only recently settled in America after fleeing fascist Italy. The importance of the broadcast performance during this time is noted by Joe Horowitz, author of Understanding Toscanini: "Toscanini's concerts in New York... once he was so closely identified with the opposition to Mussolini, the opposition to Hitler — these were the peak public performances in the history of classical music in America. I don't think any concerts before or since excited such an intense emotional response, and I don't think any concerts before or since evoked such an intense sense of moral mission."
The "Adagio for Strings" was written by American composer Samuel Barber when he was in his 20s. With a tense melodic line and taut harmonies, the composition is considered by many to be the most popular of all 20th-century orchestral works.
"You never are in any doubt about what this piece is about, says music historian Barbara Heyman. "There's a kind of sadness and poetry about it. It has a melodic gesture that reaches an arch, like a big sigh... and then exhales and fades off into nothingness."




***




Barber's "Adagio for Strings" originated as the second movement in his String Quartet No. 1, Op. 11, composed in 1936. In the original it follows a violently contrasting first movement, and is succeeded by a brief reprise of this music.
In January of 1938 Barber sent the piece to Arturo Toscanini. The conductor returned the score without comment, and Barber was annoyed and avoided the conductor. Subsequently Toscanini sent word through a friend that he was planning to perform the piece and had returned it simply because he had already memorized it.[1] It was reported that Toscanini did not look at the music again until the day before the premiere. [2] The work was given its first performance in a radio broadcast by Arturo Toscanini with the NBC Symphony Orchestra on November 5, 1938 in New York.
The composer also transliterated the piece in 1967 for eight-part choir, as a setting of the Agnus Dei ("Lamb of God"). It has since become renowned as a masterwork of the modern choral repertory.




***




The piece uses an arch form, employing and then inverting, expanding, and varying a stepwise ascending melody.
The long, flowing melodic line moves freely between the voices in the string choir; for example, the first section of the Adagio begins with the principal melodic cell played by first violins, but ends with its restatement by violas, transposed down a fifth. Violas continue with a variation on the melodic cell in the second section; the basses are silent for this and the next section. The expansive middle section begins with cellos playing the principal melodic cell in mezzo-soprano range; as the section builds, the string choir moves up the scale to their highest registers, culminating in a fortissimo-forte climax followed by sudden silence. A brief series of mournful chords serve as a coda to this portion of the piece, and reintroduces the bass section. The last section is a restatement of the original theme, with an inversion of the second piece of the melodic cell, played by first violins and violas in unison; the piece ends with first violins slowly restating the first five notes of the melody in alto register, holding the last note over a brief silence and a fading accompaniment.




***


* The recording of the 1938 world premiere, with Arturo Toscanini conducting the NBC Orchestra, was selected in 2005 for permanent preservation in the National Recording Registry at the United States Library of Congress


* In 2004, Barber's masterpiece was voted the "saddest classical" work ever by listeners of the BBC's Today program, ahead of "Dido's Lament" from Dido and Aeneas by Henry Purcell, the "Adagietto" from Gustav Mahler's 5th symphony, Metamorphosen by Richard Strauss and Gloomy Sunday as sung by Billie Holiday.


*The piece was played at the funerals of Franklin Delano Roosevelt and Prince Rainier of Monaco. It was also performed in 2001 at a ceremony at the World Trade Center to commemorate the thousands lost there in the September 11, 2001 attacks. Adagio for Strings was also part of the program of the Last Night of the Proms that year, in contrast to the event's usual atmosphere.


* Adagio for Strings may be heard on many film, TV and video game soundtracks. Notable among these is Oliver Stone's Oscar-winning film Platoon,[5] and David Lynch's 1980 Oscar-nominated film The Elephant Man, the tragic life story of Joseph Merrick. A choral version also featured prominently in the 1999 PC Game of the Year, Homeworld, introducing Barber's seminal work to a new generation and through a new medium.










and




quarta-feira, 18 de junho de 2008

Gramática com Bandolis (ou Questão de Pontuação)

http://br.youtube.com/watch?v=8uIIzW8SJEY&feature=related

Como fosse um par que, nessa valsa triste, se desenvolvesse ao som dos bandolins. E como não? E por que não dizer que o mundo respirava mais se ela apertava assim seu colo como se não fosse um tempo em que já fosse impróprio se dançar assim. Ela teimou e enfrentou o mundo, se rodopiando ao som dos bandolins...

Como fosse um lar, seu corpo, a valsa triste iluminava e a noite caminhava assim.E, como um par, o vento e a madrugada Iluminavam a fada do meu botequim...Valsando como valsa uma criança que entra na roda.A noite tá no fim.Ela valsando só, na madrugada, se julgando amada ao som dos Bandolins...



Como fosse um par, que nessa valsa triste, se desenvolvesse ao som dos bandolins.E como não, e por que não dizer que o mundo respirava mais se ela apertava assim...Seu colo!
Como se não fosse um tempo em que já fosse impróprio se dançar assim!Ela teimou e enfrentou.
O mundo, se rodopiando ao som dos bandolins...

Como fosse um lar, seu corpo, a valsa triste, iluminava e a noite caminhava assim.E, como um par, o vento e a madrugada iluminavam a fada do meu botequim...Valsando, como valsa uma criança que entra na roda, a noite tá no fim.Ela, valsando só na madrugada, se julgando amada ao som dos bandolins...



Como fosse um par que nessa valsa triste se desenvolvesse ao som dos bandolins, e como não?
E por que não dizer que o mundo respirava mais?
Se ela apertava assim seu colo!
Como se não fosse um tempo em que já fosse impróprio se dançar assim!
Ela teimou e enfrentou o mundo.
Se rodopiando ao som dos bandolins...

Como fosse um lar, seu corpo, a valsa triste iluminava e a noite caminhava assim.
E, como um par, o vento e a madrugada iluminavam a fada do meu botequim...
Valsando como valsa uma criança, que entra na roda...
A noite tá no fim.
Ela valsando, só, na madrugada, se julgando amada ao som dos bandolins...





(Mas que beleza ouvir o trecho três vezes e perceber, neles, pequenas diferenças! E há quem diga que pontuação podia ser jogada no lixo, rá!)

terça-feira, 17 de junho de 2008

Correntes

Nossa vida sempre esteve envolta de eletricidade. Não é simplesmente porque nascemos no século XX e/ou estamos no século XXI. Sempre experimentamos as sensações elétricas, seja nesse ou em outro século.

Se observarmos nossos corpos, eles são formados, internamente, de células, que juntas se organizam para formar tecidos, órgãos, sistemas e seres vivos. Acontece que cada célula é regida por leis intrínsecas, dentre elas, a natureza se encarregou de gerar e receber energia.

Da energia, que possui um conceito tão amplo, podemos selecionar apenas o fato de haver movimentações em nossa primeira célula (seja ela espermatozóide ou óvulo). Movimento necessita de energia, e gera energia. Essas simples movimentações existem devido a reações internas, que derivaram de elétrons sofrendo variações, mudando de órbita, ao redor do núcleo, e gerando cargas elétricas, positivas ou negativas, que mais tarde serão a causa das reações químicas, responsáveis pelo agrupamento dos códigos genéticos, que formam um novo ser "elétrico".

Após nosso primeiro “choque”, cada célula se multiplica, e segue-se esse curso, donde se leva a formação de um sistema incrível: O nervoso. Nossos cérebros são carregados e descarregados inúmeras vezes a cada milissegundo, a taxas de variações incríveis. São infinitos elétrons vagando e produzindo TUDO, incluindo pensamentos que podem gerar idéias e teorias, que juntas explicam toda essa “corrente”.

Disso, surge um pensamento: se pudéssemos manipular essas partículas, poderíamos produzir sensações artificiais? Afinal, nosso cérebro não processa uma porta como uma porta, mas sim, luzes que chegam aos nossos olhos, produzindo alterações nas células sensíveis, que conectadas ao cérebro, enviam esses dados de variadas freqüências (espectros da luz), que são rapidamente processados, e então finalmente é retornada a informação para a área responsável pela formação da imagem, gerando a forma da porta. De forma semelhante acontece com os demais sentidos.

Logo, essa produção artificial não deixa de ser uma porta, que quando aberta poderá causar grandes impactos. Talvez pudéssemos voltar ao mito da caverna. Dessa vez, além de uma corrente de pensamento, ter-se-á consciência da existência de outra corrente passando exatamente agora em nossas mentes, sendo essa de aspecto físico (materialista) ou metafísico (idealista).

segunda-feira, 16 de junho de 2008

De areia

Província portuguesa e uma casa simples, hereditária, de cor pastel e muro baixo. Era a representação mística da harmonia daquele casal. História conhecida e, supostamente, apagada.
Uma mesa bem posta, redonda, no meio da enorme sala e o seu desejo pelo mistério. Há dias suas palavras eram monossilábicas, respondia o que achava necessário. Seus olhos fitavam letras bem desenhadas e um papel um pouco amarelado. Precisava guardar tudo, as folhas de papel, o cheiro, a essência que restou da existência. Apenas e sempre, as palavras tão mais importantes nesse momento. Mundo mágico, violento e prazeroso.
- O que tanto olhas nesses cadernos velhos de tua bisavó, João Antônio? – indagou a mãe curiosa.
- Palavras. - ele responde com indiferença.
- Que palavras, menino? Preciso que desocupe esta sala.
-Mas... – ele a olha indeciso e exalando clamor para permanecer onde estava.
- O quê, João Antônio?
-Preciso do quadro.
-E que importa para ti, esse quadro? Não estás lendo? Estás a me enganar.
-Não.
-Seja mais claro, filho. – Estando agora tão mais indecisa que o pequeno filho.
- Minha mãe, não vês este quadro? Tão levemente pincelado e cheio de história. Esse casal, a praça que já não existe, no fundo a nossa casa.
Indiferente, a mãe responde:
- Sim, João, não há nada de impressionante nessa pintura.
-Perceba as cores, o fundo é incrível e a figura também; Sem falar nas palavras que estão aí sem que possamos ver.
Como quem não entende nada ela faz um sinal negativo com o rosto. Sabia que seu filho tinha um gosto excêntrico, João Antônio em si era um mistério por ser tão monossilábico e, aproveitando-se do momento pediu que continuasse.
- É a sua avó, mãe. E esse que está ao seu lado não é seu avô, mas sim um general que ela conheceu no período da Segunda Grande Guerra, eles namoraram alguns meses e a figura deles foi esquecida.
Aquela senhora nada entendia, não sabia o que havia se passado por entre as parreiras enquanto o mundo estava em guerra, dois corações pareciam em paz, às escondidas, cartas de saudade, beijos de adeus.
- Pois, meu filho, como soubeste?
- É, minha mãe, como as memórias são finas, como um pó que escapa a nossas mãos, imperceptivelmente; e olhando para esse mar salgado é que eu te digo como as palavras são fortes, tão fortes que eu não te direi mais nada.

Ingrid Brasilino
Esse foi o conto vencedor da II Competição Literária do Sarau. Parabéns à autora e aos demais competidores!
Terceira edição da Competição Literária do Sarau em breve!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

A internet é para todos!




Ah, mas todos, todos mesmo, nããão. Só quem sabe inglês.



***



Do you call a ‘bread roll’ a cob, batch, bread cake, barm cake or scuffler? How do you pronounce the words cup and plant? And are you sitting or sat at this computer? The UK is a rich landscape of regional accents and dialects, each evidence of our society’ s continuity and change, our local history and our day-to-day lives. This site captures and celebrates the diversity of spoken English in the second half of the twentieth century.


Essa é a utilidade deste site, http://www.bl.uk/learning/langlit/sounds/index.html, um material fantástico para os que estão aprendendo inglês ou têm interesse em aprofundar os conhecimentos na língua.


Há também o http://plato.stanford.edu/, de título Stanford Encyclopedia of Phylosophy. Apropriado para todas as idades e brincadeiras.


Bom proveito!
Ah, e um especial para o dia dos apaixotários: pictures of women cheating!

terça-feira, 10 de junho de 2008

II Competição Literária do Sarau

Antes de tudo, novamente parabéns ao vencedor da edição passada! Seu texto, "Julgamento", está em Junho/08. Tratemos agora da segunda ediçao do evento. Desta vez, os participantes devem escrever um conto que deve ter como título "De areia", a ser postado no próximo domingo (15). Esperemos ansiosamente!
E os partipantes são:
1. Arthur Cruz;
2. Augusto Tavares;
3. Ingrid Brasilino;
4. Matteo Ciacchi; e
5. Pseudônimo a ser definido.
Boa sorte a todos!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Breves comentários sobre conflitos intraestatais



Uma das tendências reconhecidas internacionalmente como parte do novo cenário é a diminuição de risco de conflitos armados entre grande potências, em contraste ao aumento do número total de conflitos no mundo, principalmente os intraestatais. Alguns analistas, porém, afirmam que é, ao invés de impulsionada nos anos 1990, vem desde a década de 1960, mudando apenas que no pós-guerra fria há maior interesse acadêmico, por alguns principais motivos tais quais a preponderância de conflitos intraestatais sobre os interestatais, suas novas localizações e a diminuição da preocupação com a segurança, por exemplo.


Brown faz distinção entre três termos-chave: conflito interno (disputas políticas atribuídas a fatores intraestatais, e cuja violência armada ocorre dentro de um único estado), conflito étnico (ocorre entre diferentes comunidades étnicas) e guerra civil (alto grau de violência, grupos com capacidades organizacionais bem definidos, maior tempo de duração em relação ao conflito). O autor faz a distinção entre os termos para definir os conflitos internos como objeto de estudo.


Na maioria das vezes, explica, os conflitos intraestatais ocorrem devido a um conjunto de causas, quer sejam condições imediatas ou pré-condições. As mais freqüentes são a insegurança, a desigualdade, os incentivos privados e as percepções de grupos domésticos, fatores que necessitam de diversos antecedentes e explicações e que costumam se combinar nos Estados ditos falidos ou colapsados, cujos surgimentos estão associados, em parte, às mudanças normativas surgidas nos últimos anos, notadamente, à mudança da definição de soberania, que deixa de ser um conceito inerente ao Estado, mas atribuído por outros a um.


Essa mudança do sentido de soberania, com respaldo no art.1 da Carta da Onu, resultou na independência de antigas colônias africanas entre as décadas de 1950 e 1960. Os recém-criados, entretanto, incapazes de realizar seus deveres enquanto Estados, apelidados de quase-Estados, ficando dependentes da assistência material internacional. Também é nesse contexto que surgem os pseudo-Estados, também sem atributo estatal, oriundos da desintegrada URSS. A fragilidade institucional e funcional desses Estados os coloca beirando o colapso. Para Milliken e Krause, Estado falido é aquele incapaz de promover suas funções básicas; observam que o colapso estatal implica um colapso das instituições domésticas, e que os estágios mais avançados de colapso são mais raros se em comparação ao número de falidos.


Igualmente muda, com o pós Guerra Fria, o diálogo entre segurança e direitos humanos, tendo forte influência sobre a maneira de lidar com esses Estados falidos, associados às idéias de aumento e difusão do sofrimento humano, instabilidade regional, ao terrorismo e ao crime organizado internacional, por isso devem ser combatidos. As novas medidas tomadas perante esses casos não incluem mais tão-somente o desarmamento, mas, verdadeiramente, a reconstrução desses Estados, com o intuito de evitar novas crises, tomando sempre como modelo o democrático liberal. É importante ressaltar a expansão do papel das organizações internacionais no campo da segurança, principalmente pela importância do multilateralismo como fator legitimador de decisões e ações internacionais na nova ordem.


Texto-base: As operações de Paz no Pós-Guerra Fria: Multidimensionalismo e Construção de Estados; não tenho mais referências para citar.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Papo ateu

Quatro historiadores discutem a comicidade da venda de indulgências e itens sagrados; conversam normalmente numa mesa de bar.
- Se juntassem todas as lasquinhas da cruz de Cristo que venderam dava pra fazer um barco!
- Isso né nada! Se juntassem todos os cravos da coroa de espinhos dava pra fazer uma torre!
- Imagina aí! O papa colocava num site: "Vende-se o hímen de Maria Madalena!"
- Ah, rapaz. Mas aí teria que vir anunciado no pacote: "Compre o hímen de Maria Madalena e ganhe, grátis, o pênis de Jesus!"...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

GOTCHA!

O menino que arremessava pedrinhas na rua encostou no vidro.
- Dotô, o sinhô tem um trocado?
- Ó, rapaz, se for pra dar, eu não tenho, não.. Mas se fosse pra roubar eu dava.
- Ah, é? 'Tão issé um assalto!!
- Apoise teje preso!
O homem de dentro do carro mostrou o distintivo - que, mesmo não se sabendo ler, faz entender o desejo pelo cumprimento da lei. E a lei foi cumprida. O maior malabarista do mundo não virou passado porque sequer foi futuro.

domingo, 1 de junho de 2008

Julgamento

“Afinal, o que eu estou fazendo aqui?”
O senhor era austero, gentil, bem vestido. Ar de quem sabia muito. Além disso, era bonito e rico. Ela? Uma moça de uma família de comerciantes. Não possuía dinheiro suficiente para ser rica, nem beleza o bastante para ser cobiçada. Alguns minutos de conversa, palavras complexas, agradáveis aos ouvidos. Ela aceitou um café. Por que não? Estavam num pequeno estabelecimento, discreto, e aqueles não eram mais outros tempos, onde uma moça e um homem sozinhos seriam mal-vistos. Mas havia algo estranho.
- Bem, como eu ia dizendo, o livro de Sir James George Frazer... – Ela pigarreou, sem saber bem o que fazia. Estava inquieta, e olhou fixamente para o homem.
- Hm... Senhor... – Agora que tinha começado, as palavras pareciam fugir-lhe a boca. Mas abanou a cabeça e decidiu ir em frente.
- Eu gostaria de saber quais são as suas intenções me trazendo para cá. – Ele pareceu surpreso com a pergunta, mas apenas pareceu, ela não podia confirmar sinceridade ali.
- Como assim, senhorita? Eu apenas quero conversar... – Ela levantou uma sobrancelha.
- E em que existência você pensa que eu vou acreditar que um homem quer “apenas conversar”? – Ele riu.
- Ah, mas eu quero apenas conversar. Embora, se você pensar bem, conversar jamais seja “apenas”. Conversas mudam vidas, sabia? – Ela relaxou um pouco, pelo modo incisivo como ele falou, talvez esse tenha sido o seu erro.
- E sobre o que você quer falar?
- É um passatempo meu passar a cultura adiante para os jovens. Veja bem, este quadro, atrás de você... – Ela se virou quase que instantaneamente, para se deparar com um enorme quadro em uma moldura dourada. Predominantemente composto de tons escuros, ele representava vários indivíduos sentados em volta de uma mesa. Sentiu arrepios, ao perceber que não o vira mesmo antes de sentar ali. – Ele representa uma passagem muito interessante.
- E qual seria?
- Antigamente, quando não havia liberdade como hoje, era comum a criação de ordens secretas. Sociedades de pessoas com interesses em comum, que se encontravam na calada da noite, para trabalhar em prol de seus objetivos.
- Esta era uma deles?
- Sim, era. Uma muito interessante, por sinal. – Ela inclinou-se um pouco para frente, curiosa.
- Eles possuíam um código moral e ético muito rígido. Mas o engraçado é que os membros não eram obrigados a cumpri-lo. Não, eles o usavam para julgar. Mesmo perante a mais leve suspeita de que uma pessoa estava de algum modo ferindo o seu código, seqüestravam-na e a levavam a julgamento.
- Como assim?
- Simples, eles sentavam-se numa mesa, junto com o indivíduo a ser julgado. Só que é uma piada falar nesses termos. O julgamento era sumário, ninguém escapava.
- E o que eles faziam quando consideravam alguém culpado?
- Torturavam por horas e horas a fio, e depois tocavam fogo, ou enforcavam.
- Mas isso não faz o menor sentido, senhor. Eles inventaram algo que não seguiam, mas julgavam e matavam os outros por isso?
- Resumindo, é.
- Mas... Por quê?
- Isso não é fácil de responder. Talvez fosse uma maneira de zombarem dos outros, mostrando como a bondade é na verdade inexistente, e aqueles que tentam segui-la cegamente não passam de iludidos sendo conduzidos ao abatedouro. – Nessa última sentença, o tom dele mudara em algo. Antes, parecia um professor lecionando uma matéria qualquer, agora, era mais complexo, mais profundo. Ele parecia se importar mais com o que falava.
Ela não percebeu que alguns outros homens sentaram-se à mesa. Um a um. Ela estava entretida demais com o homem que a levara ali.
- E quanto tempo faz que isso acontecia?
- Tempo é algo relativo, querida. Muito ou pouco, depende de como você encarar os fatos.
- Você poderia me contar mais alguns detalhes sobre eles?
- Bem, normalmente, os encontros sucediam-se em locais na penumbra, e a maioria dos membros da confraria já possuía alguma idade. – Ele parou um pouco. Foi o suficiente para que o encantamento dela por ele terminasse. Ela percebeu os demais indivíduos sentados à mesa. Senhores, bem vestidos, respeitáveis. Contou rapidamente o seu número e viu...
- Se você pesquisar bem, verá que eles se reuniam em um número específico. Claro, a vítima acrescentava mais um. – Ela escutou isso, e ficou estática. Não entrou em pânico, ousou apenas olhar aquele que a trouxera ali. A atenção de todos à mesa se concentrava nela. Não fez nenhum movimento no intuito de levantar-se. Tinha escutado um clique na porta quando entraram, mas não prestara atenção. Outro erro.
A essa altura, o homem já sorria, e perguntou, com toda a ironia que podia na voz:
- Querida, poderia me fazer um favor?
- O que seria? – A voz era trêmula, amedrontada.
- Poderia contar quantas pessoas estão representadas no quadro atrás de você?
Já sabendo o que a esperava, virou-se e contou rapidamente. Lógico que o resultado era igual ao outro que vira ainda pouco.
- São doze homens, sentados, e, além disso... – Uma jovem de cabelos castanhos e vestido azul, como ela.
- Treze, e em círculo.
Augusto Tavares
Esse foi o conto vencedor da I Competição Literária do Sarau. Parabéns ao autor!