segunda-feira, 24 de março de 2008

Crônica pintada de preto

Eu sou o pedestre e o sinal está verde. Só vem um carro ao longe; minha necessidade de há tanto de atravessar a faixa será suprida. Eu sou a vontade de atravessar a faixa. Com a passada inicial, deslancho em minha jornada. Foi uma boa passada; nesse ritmo, chegarei ao fim em tempo hábil e seguro. Agora, porém, não sou mais o pedestre ou a vontade - agora eu sou a travessia, e não quero mais ser o que fui. Lentamente caminho: "por que acabar com o que sou agora? O que me faria querer mudar?" O carro vem vindo. "E por que me preocupo?".
Parei. O dia estava claro, o céu estava muito azul. O carro que vinha eu via bem: era vermelho.

2 comentários:

Kondlike disse...

Fatality?

Isso demonstra, de uma vez por todas, que ser egocêntrico é bom, mas centrar-se só no ego pode ser perigoso, hehe.

Post-crônica impecável.
Você não deve deixar de ser cronista nunca. Nem preciso dizer, na verdade. Você já tem a certeza.

Raiana disse...

Adorei o texto, phi!!
Vc escreve muuito bem!!
Mas por favor, nunca invente de fazer isso, tah?? Quando estiver atravessando uma rua, continue, não pare de forma alguma!! O.O
hueheuheuheuheuheuheuheuhue
bjos!!