quinta-feira, 19 de julho de 2007

Uma Breve História da Religião - Parte I

Etimologia:
Embora seja bastante controverso, o termo religião pode ser interpretado, do latim, re (novamente) + ligare (se ligar) como uma forma de unir a relação entre o homem e deus.
Tornando a religião, essencialmente, culto de um para outro.

Definição:
Segundo o Aurélio:
  • 1. Crença na existência de força ou forças sobrenaturais;
  • 2. Manifestação de tal crença pela doutrina e ritual próprios;
  • 3. Devoção;
Disso partimos em busca do conceito de crença, e encontramos algo intimamente ligado à fé. Essa última que pode ser interpretada como uma resposta de forma “inocente” àquilo que nos é superior, sobrenatural ou inexplicável (mesmo que apenas um intervalo de tempo). A crença por si é uma resposta sistematizada da fé. Onde são feitas, metodicamente, as atribuições, origens e explicações (Mitos, do grego mythos = fábulas; geralmente explicações atribuídas aos deuses, sendo esses seres ativos que definiam o destino da vida na terra) para as respostas metafísicas e existencialistas, empregadas por qualquer massa cinzenta, quando se depara com algo que lhe quebra a habitualidade dos acontecimentos (um milagre, por exemplo). Partindo da premissa que a religião é baseada na crença, a própria pode ser tomada como a imposição e aceitação de dogmas, “doutrina e ritual próprios”.
Porém, o estudo da religião, é em primeiro lugar, uma filosofia engajada no questionamento crítico, a fim de estabelecer uma tese, baseado em provas efetivas, que assemelham-se às respostas especulativas à cerca do mundo e suas origens para melhor ser aceito pelos seus adeptos. Muito embora, na maioria das vezes esse estudo seja colocado de lado (e retomado pelos filósofos). Sobra então aos religiosos, seguir com o “único” objetivo da dita religião: a doutrinação.Os muçulmanos consideram a Caaba, ao centro da grande mesquita de Meca, o lugar mais sagrado da Terra

Pregação:
Seguindo o raciocínio, quando a religião deixa de lado o questionamento à cerca de uma verdade, e passa a propagar apenas idéias já feitas e fundamentadas nos seus próprios dogmas, essa vai ganhando força na sua essência, que é a devoção em cima da fé.
Quando se é aceito uma premissa, vinda de um pregador, ou doutrinador, como verdadeira, e se é convertido, nomear-se-á como prosélito (do grego prosélitos = aderente; ato que consiste em conquistar aderentes à doutrina). Como já foi dito, a religião, como um grupo de dogmas, geralmente se torna tema somente de doutrinação e proselitismo.
“O doutrinador, que faz proselitismo, não mais se propõe a rever sua posição; convencido de uma doutrina, a propaga, com vistas a obter prosélitos. Ele interpreta a si mesmo como apóstolo de uma verdade. Quando pesquisa apenas procura novas provas para esta sua verdade. Quando discute, não mais busca a verdade, mas quer apenas refutar seus adversários.” (Enciclopédia Simpozio)
Com isso, temos a origens das pregações em massa, quando essa aceita as palavras do apóstolo como verdadeiras, sem se questionar, uma vez que a massa não tem erudição suficiente. Logo um pregador estuda a retórica (podemos comparar a religião à política, nesse aspecto), treina a demagogia, “procura novas provas para esta sua verdade” a fim de persuadir seus ouvintes, e impondo seus dogmas como verdadeiros, ganha a adoração dos mesmos.
Porém, quando se prega às massas e quebra-se a liberdade de consciência, esses tornar-se-ão fanáticos e passarão a condenar todas as outras doutrinas. Afinal, "Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências, baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar” (Carl Sagan)


Origem:
A necessidade de explicar fenômenos (como o ciclo do sol, da lua e dos astros) é tão antiga quanto a humanidade e isso nos levou a diversas especulações que foram negadas e aceitas com o passar do tempo. Entre essas especulações foram surgindo grandes casualidades que observadas sempre após um determinado evento iam sendo tidas como verdadeiras (como um trovão seguido do relâmpago). Muito embora alguns fossem corretamente relacionados, a maioria não seguia uma explicação lógica (pensamentos pré-lógicos, ou seja, instintivos). Nascem as superstições.
“A religião do homem primitivo encontra-se cheia de superstições, cuja origem poderá ter sido a falsa observação de relações de causa e efeito. Quer porque uma coisa venha depois da outra, quer simultaneamente quando um fato acontece, a relação é fixada como sendo efetiva.” (Enciclopédia Simpozio)
Dessas “explicações” também derivam uma outra classe de pensamento adotado pelas religiões: os mitos. Base do folclore, das tradições e cultura de um povo.
Com o passar do tempo, a necessidade de controle da sociedade cresceu bastante, e a hierarquia foi se fortalecendo até que os mais altos postos de poder foram ocupados por pessoas tidas como intermediários entre os deuses e a Terra (podemos ver isso nos faraós, nos sacerdotes dos templos gregos – que decidiam o destino da população), e influenciavam fortemente toda a cultura local, com ordens de sacrifícios, rituais, e com isso estruturavam as organizações sociais, econômicas e políticas. Nesse estado, a pregação foi aumentando exponencialmente.
“A religião é vista pelas pessoas comuns como verdadeira, pelos inteligentes como falsa, e pelos governantes como útil.” (Sêneca)

Histórico:
As principais religiões do mundo contemporâneo tiveram suas origens na Idade Antiga, baseada quase que toda vez, no folclore local. Por isso, abordaremos um rápido resumo dos principais povos:

  • 1) Povos Indo-Europeus: Os indo-europeus, que há cerca de 4 mil anos começaram a migrar e a ocupar as mais diversas regiões da Ásia (povos Indos-Arianos – Iranianos (Irã) e indos-arianos (Índia) –, Hititas, Tocarianos) e da Europa (demais povos, como: baltos-eslavos, celtas, itálicos, gregos, germânicos), podem ser considerados como originários das principais culturas posteriores. Estes, todavia, nunca formaram uma unidade sólida, uma raça, um império organizado e nem mesmo uma civilização material comum. A única coisa em comum desses grupos seria a unidade lingüística e a unidade religiosa. Unidade esta que pode ser visualizada como uma semelhança presente nas religiões posteriores. Por hora, podemos citar os exemplos: o aspecto dos mitos (lutas dos deuses contras as forças do caos), a história narrada em forma cíclica, e a crença em diversos deuses (politeísmo).
  • 2) Povos Semitas:Os semitas originários da península arábica, também se expandiram em diversos locais do mundo, levando consigo a cultura local.Embora alguns povos de origem semítica tenham adotado a crença politeísta, os principais (que são a raiz das grandes religiões monoteístas) adotaram um único deus (monoteísmo), característica que difere bastante dos indo-europeus. De origem semítica temos os seguintes povos: árabes, egípcios, hebraicos, acadianos, fenícios, aramaicos. Os hebreus, caracterizavam-se por definir a história de uma forma linear e ter o deus como ser criador de tudo, responsável pela vida. A origem semítica pode ser interpretada a partir da bíblia, no gêneses, com a linhagem dos descendentes de Sem, filho de Noé.

Depois de fazer essa pequena distinção desses dois povos, poderemos partir pra uma classificação regional e então falar resumidamente de cada religião em si.

Um comentário:

Anônimo disse...

Antes de tudo gostaria de parabenizar a equipe do blog pelo brilhante trabalho que tem desempenhado, e sobre religião, ao meu modo de ver, uma boa definição pra religião seria uma anestesia da vida real, uma tentativa do nosso sub-consciente de facilitar a nossa vida, pois é bem mais fácil acreditar que não estamos sozinhos e existe algo pra nos recorrermos. Mas eu diria que pra muitos a religião é indispensável, porque já estão viciados nesse anestésico e tirar isso delas é como arrancar um dente sem a anestesia, uma dor que pode ser reduzida.

VALEU!!!