Caminhava quando um senhor na casa dos 60, que caminhava perto de mim, me alcançou e veio puxar assunto.
- Olá.
- ...
- Você é argentino?
- Não.
- Ah, ótimo.
- ...
- É que outro dia eu tava andando na rua e eu vi um cara. Era argentino todinho. Só podia ser. Então ele me parou e falou: "você é argentino?" E eu disse que não era. Ele reconheceu meu sotaque. Eu sou boliviano, sabe? Pois é.
- Sei.
- Ele olhou um pouco pra mim e falou: "eu sou o filho de Perón". É claro que eu não acreditei, sabe?
- Sei.
- Pois é. Mas aí eu lembrei que diziam que o filho de Perón era um assassino. Eu pus as mãos no bolso. Ele virou pra mim e perguntou: "você tá armado?", e eu disse: "estou". Olhou para ver se eu estava mesmo.
- E você tava?
- Sim.
- Hm.
- ...
- ...
- Aí ele olhou pra mim e sacou a arma. Eu saquei de volta.
- E você anda mesmo armado?
- É que eu fui do serviço secreto da polícia sulamericana.
- É?
- É. Então o filho de Perón guardou a arma e me falou que tinha fugido de lá por perseguição de Kirschner, mas que quando veio pra cá, o mandou matar uns caras aí. E aí ele tava querendo dar conta de um tal de Leandro, cujo pai tinha ido na Argentina alguns anos atrás, e que ele achou parecido comigo.
- Que história, hein? Pior que ele tava até querendo matar um xará meu.
- É. Depois eu soube que ele foi lá e matou mais uns três e sumiu.
- Nossa.
- Pois é. Agora, me diz uma coisa.
- Hm.
- Você está armado?
- Não, por quê?
- Eu sou o filho de Perón.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
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2 comentários:
vou começar a andar armado
Amei. Acho que ja disse tudo, nao eh?!
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