quarta-feira, 21 de maio de 2008

O filho de Perón

Caminhava quando um senhor na casa dos 60, que caminhava perto de mim, me alcançou e veio puxar assunto.

- Olá.

- ...

- Você é argentino?

- Não.

- Ah, ótimo.

- ...

- É que outro dia eu tava andando na rua e eu vi um cara. Era argentino todinho. Só podia ser. Então ele me parou e falou: "você é argentino?" E eu disse que não era. Ele reconheceu meu sotaque. Eu sou boliviano, sabe? Pois é.

- Sei.

- Ele olhou um pouco pra mim e falou: "eu sou o filho de Perón". É claro que eu não acreditei, sabe?

- Sei.

- Pois é. Mas aí eu lembrei que diziam que o filho de Perón era um assassino. Eu pus as mãos no bolso. Ele virou pra mim e perguntou: "você tá armado?", e eu disse: "estou". Olhou para ver se eu estava mesmo.

- E você tava?

- Sim.

- Hm.

- ...

- ...

- Aí ele olhou pra mim e sacou a arma. Eu saquei de volta.

- E você anda mesmo armado?

- É que eu fui do serviço secreto da polícia sulamericana.

- É?

- É. Então o filho de Perón guardou a arma e me falou que tinha fugido de lá por perseguição de Kirschner, mas que quando veio pra cá, o mandou matar uns caras aí. E aí ele tava querendo dar conta de um tal de Leandro, cujo pai tinha ido na Argentina alguns anos atrás, e que ele achou parecido comigo.

- Que história, hein? Pior que ele tava até querendo matar um xará meu.

- É. Depois eu soube que ele foi lá e matou mais uns três e sumiu.

- Nossa.

- Pois é. Agora, me diz uma coisa.

- Hm.

- Você está armado?

- Não, por quê?

- Eu sou o filho de Perón.


2 comentários:

Anônimo disse...

vou começar a andar armado

Anônimo disse...

Amei. Acho que ja disse tudo, nao eh?!