domingo, 27 de janeiro de 2008

Avanço do "intelecto"? - parte II

Como dito anteriormente que o "povão" não tem um nível "intelectual" necessário para aderir à filosofia, à ciência e à razão, tem-se motivos realmente pertinentes.

Quando se determinam níveis de inteligência, é bem certo que esses serão comparados entre si. A epistemologia, mais necessariamente a origem dos conhecimentos, trata diversas fontes como raízes do conhecimento; portanto, sabedoria adquirida pelo povo, ou conhecimento popular - senso comum -, também faz parte dessa árvore. Entretanto, quando se compara a ciência com crenças populares deve-se ter em mente a maneira de cada um trabalhar uma tese. As características do senso comum são incoerências, superficialidades, conhecimentos geralmente baseados em fé, enquanto a ciência possui métodos de pesquisa, regras, normas e propõe-se a responder indagações ainda não "explicadas".

O conhecimento popular: valores incontestáveis

São diferenças fundamentais que mostram: para o povo, que tem morais e éticas distorcidas pelo senso comum, é muito mais fácil aceitar um dogmatismo cristão (muito mais confortável, como um paraíso metafísico) que uma prova científica (nem sempre agradável, de vida biológica, finita).

Ainda, temos de admitir que a massa, principalmente de países em transição/de terceiro mundo - como os já citados, Brasil, Índia e China -, geralmente composta por trabalhadores sem tanta qualificação, de uma forma ou de outra terá um nível bem abaixo da classe "média-baixa" dos demais países - ditos de primeiro mundo. Embora essa afirmativa não tenha partido de um estudo empírico, há de se esperar que, racionalmente falando, manter uma população (des)informada em determinados aspectos, da maneira que um governo deseja, é algo estratégico, já que a população é a base de uma nação. Sem necessariamente dizer que a causa do senso comum seja esta, uma nação tende a seguir modelos (mesmo os mais rudimentares de suas primeiras tribos) e sofre influências - do governo, por exemplo -, onde vai-se modelando o conhecimento. Portanto, uma nação influenciada por idéias e ideais "de risco" pode se manisfestar a favor ou contra o governo - a última não é muito agradável para um governante que deseja manter seu mandato ou autoridade, por isso, "tange-se" a população constantemente.
Onde está a liberdade do povo?

Eugène Delacroix - A Liberdade Guiando o Povo, 1830

Estratégias políticas existem e sempre existiram. Uma das mais eficazes sempre foi a manipulação. Todo e qualquer líder deve saber conduzir suas ovelhas. Líderes políticos devem mais precisamente que quaisquer outros, principalmente em repúblicas democráticas; pois nestas, o povo escolhe seu(s) representante(s). Nisso, entra a (des)informação tão exposta atualmente. Para um líder político, manter sua nação austera e desenvolvida é tão significativo quanto para uma tribo, guerrear e dominar uma área. Sun Tzu, na obra bélica mais utilizada de todos os tempos, A Arte da Guerra, torna-se universal quando diz: "O general que compreende a guerra é o ministro do destino do povo e o árbitro do futuro da nação". A guerra transcende seu sentido de combate, armas e lutas, e assume a relação do governante para o povo, no aspecto de manter o conhecimento para o/do povo e administrar o destino de seu governo.

Sun Tzu

Analogamente, podemos interpretar a presença das religiões da mesma forma, no intuito de manter seus fiéis. Aqui, podemos atribuir à classe da epistemologia, o dogmatismo, pois a todo momento a religião confirma os conhecimentos - (re)formulando e (re)afirmando seus interesses - em nome de uma divindade. A Igreja Católica, por exemplo, que na Idade Média determinava a direção do mundo, criou as cruzadas para salvar a terra santa, mero pretexto para aumentar seu poderio político-econômico - aqui ainda mais deplorável, pois seu domínio era sobre a nobreza. Hoje, luta contra Deus e o mundo para manter-se ainda acima dos homens; e consegue manter influência sobre boa parte dos humanos. No Fundamentalismo islâmismo, os xiistas, quando gritam "Jihad", conseguem promover o caos e o "terrorismo" - principalmente às sociedades ocidentais, comparado às invasões bárbaras na queda do Império Romano. E todos os demais conflitos que demonstram a capacidade de manipulação perante à população, mas tudo, evidentemente, por interesses intrínsecos.

Saindo das guerras e entrando na área administrativa, podemos ver o quão retóricos são os pastores das Igrejas do reino de deus, e como, a todo tempo, mantém seus seguidores, usando os medos metafísicos da "inocente" população para vendá-la e colocar cabrestos.

Será?

Entratanto, existem correntes a favor de melhorar o mundo e não apenas satisfazer o capitalismo interno das instituições. São meios, muitas vezes hipócritas ou/e utópicos, que tentam fazer do mundo um lugar melhor, mas não passam de tentativas frustradas de humanos ainda mais alienados. A ONU, pregadora da paz mundial, pouco ou nada faz para evitar diversos conflitos iniciados por frescura política, que só geram destruição - valendo a pena ressaltar que durante muito tempo essas guerrilhas foram/são defendidas pelos civis, mesmo em países "desenvolvidos". Temos o exemplo dos EUA na invasão do Iraque e nos conflitos de interesses petrolíferos no oriente médio, sobre desculpa de estarem sendo atacados por terroristas; medos "americanos" travestidos de véus muçulmanos.

Além disso, temos lavagens cerebrais feitas diariamente, agilizadas pelos meios de comunicação que transmitem as informações (muitas vezes tendenciosas) de maneira sempre a favor dos maiores. Temos na mídia, toda base de informações e notícias, e para melhorar isso, existem programas apoiados pelo governo, para incentivar a inclusão digital, entre eles, permitir o acesso à internet pela população mais necessitada: uma faca de dois gumes, afinal, o poderio da internet, ao ponto que ensina, também pode ser usado para maus caminhos. Outros veículos de comunicação são o rádio e a televisão, onde os donos - sócios entre si e/ou aliados (ou não) do governo - modelam a programação a partir de interesses dos mesmos. Nisso, surgem as origens que influenciaram/influenciam boa parte, senão toda, da formação do conhecimento, da moral, da religião, da ética e da consciência da população especificada.

Além disso, é razoável saber que as oportunidades não são pra todos, e que grande parte da população citada não tem acesso a bom ensino, estudos mais aprofundados, nem tão pouco uma breve guia sobre racionalismo ou qualquer outra área que explique melhor e mostre os fundamentos dos "dogmas" aceitos - aquelas lavagens cerebrais feitas nos domingos, nas segundas, terças... -, podendo-se concluir: determinados assuntos serão completamente ignorados ou aceitos da maneira mais conveniente para a minoria - o topo da pirâmide social.


Pirâmide Social do Capitalismo

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