segunda-feira, 16 de julho de 2007

Análise filosófico-literária de Chiclete com Banana


Quiçá o título já seja suficientemente auto-explicativo e intrigante, resolvi ser democrático e agradar a todos os gostos. Aqueles que gostam de submúsicas do subgênero que é o baiano, poderão deleitar-se com a devida interpretação de uma das letras que marcou uma geração aí que não sei qual foi. Aqueles que não............................. haverão de esperar por novos conteúdos sobre a arte. (Entendam que precisamos vender nosso peixe também, não podemos deixar este recinto abandonado às traças, por isso temos de nos utilizar, vez ou outra, de assuntos que atraiam a atenção massiva).

A música é “Moranguinho”.

Pra te espiar
Eu dou a volta no seu mundo
Eu pulo seu muro
Pra te encontrar
Eu dou a volta no seu mundo
Eu pulo seu muro
Faço o que quiser de brincadeira
Carrossel no céu, selva branca
E nascer em cada estrela a novidade
Que o muro do seu mundo era saudade
Por que não dizer? Posso derreter...
Moranguinho no copinho esperando por você
 
Quanto mais sorvete, quer o meu amor
Muito mais desejos de amor
Quanto mais desejos, quer o meu calor
Muito mais sorvete de amor

A música, como se pode nitidamente perceber, aborda um tema com que bastante convivemos hoje. É uma reflexão crítica sobre a sexualidade exacerbada e sem princípios, resultado da proposta destruidora da sociedade moderna. Há símbolos claros no texto. O morango, por exemplo, propositalmente flexionado no diminutivo para conferir impressão de proximidade e sensualidade, nada mais é que o corpo desnudo da mulher, pois é um fruto vermelho - cor que simboliza a atração física - de formas sinuosas, tal qual o corpo feminino. É seguido da expressão “no copinho” para enfatizar a frieza mecânica e até mesmo capitalista-industrial com que é tratado o relacionamento amoroso entre homem e mulher.


Em seu lado mais direto, a letra menciona uma série de fetiches sexuais, tais quais voyerism (“pra te espiar”, “eu pulo seu muro”), sadomasoquismo (“faço o que quiser de brincadeira”), bissexualismo (“e nascer em cada estrela a novidade”) - sem falar em outros como “selva branca” e “posso derreter” –, de modo a ironizar o anti-moralismo libertino da nova ordem social de aceitar a quebra de tabus e a banalização do ato sexual, mas conferindo-o ao sujeito enunciador. Em outras palavras, em busca de obter o máximo de saciedade para o ego no que diz respeito ao prazer carnal humano, aceita-se tudo até que aquele seja encontrado. Entende-se a expressão “eu dou a volta no seu mundo” como explorar o corpo do cônjuge, a exemplo, como a uma caverna, podendo ser, ainda, um eufemismo para o orgasmo.


Notável é a sonoridade do trecho: “Carrossel no céu, selva branca”. A repetição do fonema /s/, constituindo uma aliteração, simboliza claramente o conjunto sonoro de uma relação sexual. De maneira proposital, as conotações que podemos obter do trecho são puramente relativas aos movimentos sexuais e, novamente, ao orgasmo, enfatizando ainda mais o desespero do eu-lírico em busca da satisfação própria.


Como pudemos ver, o sujeito enunciador do texto vive em contradição: ao mesmo tempo em que quer saciar as vontades de seu próprio ego acima de tudo, percebe que a única forma de fazê-lo é através da relação com outro ser, do qual ele se torna dependente, colocando-o numa situação de completo entreguismo amoroso, como se percebe nos trechos em que ele explicita a necessidade de ir atrás do objeto amado (“pra te espiar...”, “pra te encontrar...”, “faço o que quiser”, “... esperando por você”).


O sorvete, por sua vez, aparece como elemento contrastante da relação sexual, vez que é frio e conota distância quando aplicado ao caso, e é jogado de forma irônica junto com o ato de desejar o calor do parceiro. É como um sadomasoquismo atuante na idéia abstrata que é o relacionamento em que se é cruel com o cônjuge e este ainda deseja estar cada vez mais próximo do outro, precisando, ironicamente, mais dele.


Ainda, o vocábulo “desejo” está disposto de modo que possa transparecer esta tendência dialética do ser humano mencionada nos parágrafos acima de querer saciar apenas a vontade própria, mas de necessitar de outro ser, explicitando mais uma das contradições do homem e do mundo moderno.


Ao final, o amor é oferecido e tratado como produto, quando posto na expressão “sorvete de amor”. Tendo em vista que as sociedades, e, cada vez mais, seus componentes, separadamente, têm se transformado em função da economia, e, como vivemos numa sociedade capitalista, do capital. Enquanto o concreto já foi transformado em produto, como, por exemplo, uma caneta, o abstrato vem sofrendo o mesmo processo ao longo dos anos, como, por exemplo, as idéias sobre uma caneta, e, na música, o próprio amor, tanto idealizado e feito-sublime pelas sociedades de muitas épocas, e até a atual, hipocritamente.


Para concluir, este trabalho musical aborda a questão da “coisificação” ou reificação em razão de satisfazer o próprio eu, mas, sem perceber a impossibilidade de tal acontecimento, o eu se põe em situação de entregar-se completamente ao ato de amar (sujeito), transformando o amado (objeto) em essencial. Aproveita para ironizar e criticar a sociedade libertina de hoje, representada pelo microcosmo em que vive o sujeito enunciador.

23 comentários:

Pisterovix disse...

Comentem!

bi0hazard disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
bi0hazard disse...

Seria de se espantar que uma banda com tão alto nível de fãs e fama não tivesse letras engajadas e com críticas à sociedade, repleta de influências e aforismos de escolas anteriores; um verdadeiro estudo. música complexa e digna de uma boa interpretação! Parabéns! Quando precisar de alguém pra uma segunda opnião à cerca de possíveis interpretações, pode contar cmg ^^

Ingrid B. Montenegro disse...

Bom,o blog está muito bem feito,claro.Posições ideológicas sobre esses temas bem expostas,como eu ja disse,interessante.
E sabe que eu não concordo contigo nesse post em gênero,númoro e grau,prieiro porque o nome da música não é Moranguinho,mas sim "Selva Branca",ta,você não é tão fã como eu já fui e não tem obrigação de saber disso,achei as colocações sobre as passagens da músicas bem interessantes mesmo,um outro lado pra se ver,mas ainda acho que é possivel conviver com chiclete com banana,como eu já fui frequentadora de shows assim sei que da pra conciliar vários gêneros músicais, o negocio é faze como quem faz com a "Nova Schin". :D

ah,assim q tiver tempo vou ler os outros textos ai a baixo. :*

cyruzin disse...

Chiclete com Banana é ruim! Tanta coisa melhor vocês pegaram logo a letra deles. Tudo isso que voce falou nao vai influenciar em nada, os fãs vao continuar a ouvir essa bosta e pular em micaretas, gastando dinheiro e ficando bebado.

Mim disse...

=]
muito interessante a idéia de pegar uma música "popular" pra se fazer uma bela análise filosófico-literária.
e em se tratando da análise, ela ficou divina, e com um quê de "abre-olhos" pra sociedade!

nem tudo é sexo, nós não vivemos somente disso!

PARABÉNS MAIS UMA VEZ!

EDER VINÍÍ disse...

Fico triste de ver alguns traços do autor diminuindo a música baiana.
Isto só reafirma a ignorância que você tem sobre musicalidade, e que começou pelo título da música, que é selva branca.

Em segundo, sobre esta tal "contradição" que você aponta:

"Como pudemos ver, o sujeito enunciador do texto vive em CONTRDIÇÃO: ao mesmo tempo em que quer saciar as vontades de seu próprio ego acima de tudo, percebe que a única forma de fazê-lo é através da relação com outro ser, do qual ele se torna dependente, colocando-o numa situação de completo entreguismo amoroso[...]"

Uma pessoa tem que ser bastante inteligente para escrever isto, visto que muitas pessoas sentem-se realizadas em "realizar" outras pessoas, e isto pode alimentar a si.

Por último, sobre um comentário aí acima, realmente, nem tudo é sexo....PRA VOCÊ QUE COMENTOU ISTO! Então, você deve abrir os olhos,
pois sexo pode ser tudo para alguém e esta pessoa tem todo direito
de pensar e prosseguir de acordo com este pensamento que, para ela,
é o correto. Mas você e eu, que não vivemos somente disto, podemos ou não achar que devemos ABRIR os nossos olhos.
A referência do que é correto ou não para a vida, somos nós que apontamos.

Moisés disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk essa interpretação é uma piada, só pode. parem e pensem se bel cantaria algo referindo a bissexualidade. e, pior ainda, não tem pé nem cabeça morango no copo ser comparado a homem e mulher. estou rindo e não é pouco kkkkkkkkkkkk

Moisés disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk essa interpretação é uma piada, só pode. parem e pensem se bel cantaria algo referindo a bissexualidade. e, pior ainda, não tem pé nem cabeça morango no copo ser comparado a homem e mulher. estou rindo e não é pouco kkkkkkkkkkkk

Mar&LaBrisa disse...

"Quanto mais sorvete, quer o meu amor..." Ao meu ver, o eu lírico se refere a quanto mais inconsistente, fulgas, a outra parte do relacionamento, mais desperta o seu desejo.

Unknown disse...

Kkkkkkkkk vdd!!

yanmaneee disse...

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Unknown disse...

Minha interpretação é bem peculiar. Interpreto o "sorvete" como "sorver-te", referindo-se a absorver. O morango no copo espera "chantilly. Daí descubram do que estou falando. Quanto mais "sorver-te", tanto mais desejo-te

jasonbob disse...

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Anônimo disse...

Muito bom , suas palavras me representa

mcteslee disse...

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Anônimo disse...

Nunca vi tanta arrogância e deducação junta disfarçada de análise. A Canção "Selva Branca" é de Carlinhos Brown um dos maiores Poetas e Compositores da Música Popular Brasileira e Baiana. A quem interessar procure a versão dele no álbum "Umbalista" e volte aqui pra contar. Essa música fala de Amor entre uma pessoa apaixonada e outra que ainda não está preparada para uma relação.

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

Essa música foi feita por Carlinhos Brown e se chama Selva Branca o resto da tradução tem significado

nandojanga disse...

Acho muito chato esses pseudo intelectuais com suas arrogâncias e opiniões como se fossem a última coca cola do deserto,a letra é linda,a interpretação magistral e a análise filosófica extraordinário.
É como aquele caso onde o sábio aponta pra lua e o idiota olha o dedo

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

Muito boa a análise e a maconha usada para viajar nas asas da música do Chiclete. Kkkkkkkkkkk