Ok, ok, os fãs de jazz vão gostar dessa. Quem está pronto para morrer levanta a mão!
É, quase ninguém levantou a mão. Na verdade, só aquele cara estranho que sempre está por ali quando você menos espera. Ainda assim, fiquem todos cientes: você pode ter um funeral regado a jazz! “You cry when you are born, so REJOICE WHEN YOU DIE!” é um dos lemas do jazz funeral de New
O “jazz funeral” começou com a fusão de duas culturas, basicamente: a européia e a africana (assim como o próprio jazz, em si). A européia contribuiu no sentido de que sempre teve o costume de fazer marchas musicadas em funerais de militares (lembrar de ouvir Chopin, Mendelssohn e Beethoven), e a prática foi transmitida aos americanos, que continuaram a praticando até depois da guerra civil. Por coincidência, nessa época houve um surto de bandas de metais que se apresentavam em uma série de coisas como paradas, festivais de dança e casamentos. Como foram se tornando populares, foram cada vez mais sendo convidadas para tocar em eventos tais como funerais.
A cultura africana, por sua vez, teve outra contribuição peculiar e talvez mais importante. Antes, preciso dizer que nas culturas do oeste africano o sistema de crenças, de modo geral, é monoteísta, e prega uma estrutura hierárquica que põe deus acima de tudo, e, em seqüência, espíritos, homens, animais e plantas. Neste sistema, a morte não representa o fim de uma vida, mas a transição para um plano de espíritos ativos que providenciará almas para as gerações seguintes, e estes espíritos teriam maior autoridade que humanos e seriam capazes de ter controle sobre os vivos. A morte seria a triunfante redenção do status espiritual e liberação do ser de sua triste situação. Logo, ritos funerais simbolizam, para eles, o clímax da vida de um indivíduo. Além disso, quando os africanos foram levados para os EUA, eles passaram a acreditar que, com sua morte, seriam levados de volta à sua terra. Aquela também passou a ser vista como libertação da escravidão e opressão.
Enquanto os franceses nos EUA saíam às ruas tocando os metais, os africanos celebravam seus deuses escondidos. Não demorou para que as duas culturas se fundissem.
Num “jazz funeral” tradicional, a banda se encontra na igreja ou casa funerária de onde cerimônia será conduzida. Depois das obrigações da cerimônia, o caixão geralmente é transportado para o cemitério por uma carruagem e cavalos enfeitados com flores, seguido diretamente pela banda, familiares e demais amigos e colegas. Ao som de músicas e hinos, a “procissão segue”. Chegado ao local de enterro, todos se despedem, o finado é enterrado, a banda conduz a procissão para fora do cemitério sem tocar. Quando alcançam uma distância respeitável do lugar, o trompetista principal sopra um riff de duas notas preparatórias. Os percursionistas, então, começam a tocar uma marcha conhecida como “segunda fileira”, que tem o nome da fileira dos que ficam, na procissão, atrás das fileiras de amigos, familiares e outros celebrantes que seguem os membros da banda, que, por sua vez, estão produzindo um som mais alegre e comemorativo. O “mestre” da cerimônia, também conhecido como “grand marshal”, dá o tom para a banda e os membros da segunda fileira, que também dançam com guarda-chuvas coloridos abertos, anunciado a notícia: “uma alma voltou para casa”.
Há uma curiosidade. Muitas vezes, turistas pela região entram na festa: "OOH! A PARADE!". Quando vêem o caixão, muitos deles pensam "que horror!", outros apontam... E eles só respodem: "calma, é assim que nós nos despedimos dos nossos músicos".
Louis Armstrong (que também recebeu um jazz funeral) comenta sobre o prório (se não sabe inglês, aperte o botão de "skip"): " And, speaking of real beautiful music, if you ever witnessed a funeral in New Orleans and they have one of those brass bands playing this funeral, you really have a bunch of musicians playing from the heart, because as they go to the cemetery they play in a funeral march, they play "Flee As a Bird," "Nearer My God Today," and they express themselves in those instruments singing those notes the same as a singer would, you know. And, they take this body to the cemetery and they put this body in the ground. While he's doin' that the snare drummer takes the handkerchief from under the drum, from under the snare, and they say "Ashes to Ashes" and put him away and everything, and the drummer rolls up the drum real loud. And, outside the cemetery they form and they start swinging "Didn't He Ramble." And, all the members, the Oddfellows, whatever lodge it is, they are on this side. And on this (other) side is a bunch of raggedy guys, you know, old hustlers and cats and Good-time Charlies and everything. Well, they right with the parade too. And, when they get to wailin' this "Didn't He Ramble," and finish, seems as though they have more fun than anybody, because they applaud for Joe Oliver, and Manny Perez, with the brass band, to play it over again, so they got to give this second line, they call it, an encore. So, that makes them have a lot of fun too, and it's really something to see.".
Diz um site tradicional sobre o jazz funeral que é para aqueles que desejam ter um é mais uma questão de estar no lugar certo na hora certa. “Esperamos ver poucos desses no futuro. Nós precisamos guardar para os Grandes que ainda estão vivos”.
Para os que ficaram curiosos, aqui um vídeo-exemplo:
3 comentários:
fazia tempo que num chorava!
mas a vida é engraçada mesmo!
é isso o que eu quero pro meu "fim de vida", e tu sabe não é Phill?
abraço pra todos vocês que estão fazendo essa maravilha com a cultura em geral, continuem assim que muitos nomes virão ao encontro de vocês...!
a Universidade Federal do Piauí os aguarda!
Não conhecia um Jazz Funeral, mas curto muito Jazz e Louis Armstrong, pra mim foi um dos maiores musicos de todos os tempos.
Se for pra eu ter um funeral, que seja assim!
parabéns pela matéria ficou ótima!!!
http://www.amantesdoconhecimento.blogspot.com
quero um
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