domingo, 27 de abril de 2008

China, Tibete, Protestos, Olimpíadas e outras variações sobre o mesmo tema



Grandes são os preparativos chineses para uma das maiores festividades do mundo, os jogos olimpícos, que terão, neste ano, sede em Beijing. O governo da China esperava que sediar o evento traria maior popularidade interna e a melhora de sua imagem no exterior. Mas o mundo, com os olhos voltados para o país, viu também questões de meio ambiente e direitos humanos. As duras críticas feitas geram rumores internacionais de boicote às Olimpíadas, o que reviveria o boicote de 1956, motivado pela guerra de Suez e pela revolução Húngara.

Em março, tibetanos tomaram as ruas de Lhasa, capital do Tibete, com o 49º aniversário da insurreição contra a dominação chinesa. Os protestos exigiam mais autonomia, preservação dos direitos humanos e foi fomentado pela especulação internacional pré-Olimpíadas. Os tibetanos contam cem mortos até agora, embora o governo da China admita apenas dez. "[A China] irá garantir sua soberania nacional e integridade territorial", disse Liu Jianchao, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. A Região Autônoma do Tibete, que arrecadou US$ 17,5 milhões com o turismo em 2006, não vai receber turistas até depois dos jogos, em retaliação chinesa. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Jiang Yu, garantiu que eram “medidas especiais para uma situação especial".

O vice-diretor da ONG Radio Free Asia, Karma Dorjee, explica, em entrevista à Folha de S. Paulo, o interesse chinês na dominação da área: "o Tibete está no topo do mundo; uma vez que você tem o controle do Tibete, controla grande parte do sul da Ásia, e parte da Ásia Central". Sobre os protestos, Dorjee, além de citar a passagem da tocha olímpica pelo Tibete, acrescenta "as razões financeiras, pois todo o poder econômico está nas mãos dos chineses, e os tibetanos querem participar das atividades econômicas dentro de seu próprio país".


Mais recentemente, a China lançou uma campanha educativa no Tibete, de nome "Oponha-se ao separatismo, Proteja a estabilidade, Encoraje o desensolvimento", pretendendo denunciar o Dalai Lama, Nobel da Paz em 1989 e líder espiritual tibetano, freqüentemente acusado de arquitetar as manifestações, bem como estreitar os laços com a população tibetana. A China vem aumentando as chamadas "campanhas patrióticas" dentro - e agora fora - dos monastérios.

Apesar dos rumores, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, alegou se opor a um boicote aos jogos olímpicos, o que feriria o princípio de não-politização. "Nós acreditamos que um boicote não resolve nada", disse Rogge. O porta-voz do Ministério de Segurança Pública da China, Wu Heping, afirmou ter encontrado indícios de um plano de sabotar os jogos - em alguns dos mosteiros que foram vistoriados por autoridades policiais após as revoltas de duas semanas. O dirigente não apresentou evidências ou detalhes da ação planejada, mas disse que vasto armamento foi coletado nas instalações visitadas.

Diversas críticas internacionais recaem sobre o país pela forma como vem lidando com as manifestações contra seu domínio no Tibete. O governo candense ofereceu apoio para que haja diálogo, embora não tenha definido os termos dessa ajuda ainda. A França aprofunda as críticas sobre o tratamento violento e pede o fim da repressão ao Tibete e liberdade à imprensa internacional para permanecer na área. Austrália e União Européia pediram que o governo chinês encontre uma solução pacífica para a questão.

Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, reafirmou o apoio à política de uma só China e aos jogos olímpicos, descartando, junto com o presidente Luís Inácio Lula da Silva, a possibilidade de um boicote, como sugerido por vozes da mídia internacional. A China, por outro lado, tem tratado o Tibete como uma questão unicamente interna, rejeitando, de forma nem sempre diplomática, as iniciativas ocidentais.


Cyanide and Happiness











quarta-feira, 16 de abril de 2008

Dentro do ônibus, uma crônica romantizada


- Boa tarde, meus amigos. Eu estou aqui para fazer um anúncio a vocês. Eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando, mas estou aqui para vender-lhes algo de valor inestimável. Eu sou um cidadão de bem, como todos são; mas, diferente de vocês, eu não tive as mesmas oportunidades - por isso estou aqui. Eu conto, então, com a compaixão de vocês. O que vendo, vendo com paixão: estou vendendo amor. Por isso eu não carrego nenhum tabuleiro ou caixa com os itens que eu vendo. O que estou oferecendo é muito melhor e o tempo não destrói. Com a colaboração de vocês, eu faço um mundo melhor. Um pouco de amor é tão raro mas custa tão pouco e vale tanto, que eu achei que era a melhor coisa que eu teria para vender. E eu tenho amor de sobra: amo todos vocês. Por um pouco do insignificante dinheiro que precisamos pra viver, eu ofereço o bem que é o que dá sentido a essa vida. A quantia que eu peço não é definida; você paga pelo quanto de amor que quiser receber.

***

- Agradeço a todos pelo acolhimento; e aqueles que contribuíram, espero que todos voltem pra casa hoje completos, tão completos que precisem dividir esse amor com os que estão em redor. Até a próxima vez.

***

- Os pessoal inventa cada coisa pra pedir dinheiro, né?

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Fim de uma grande cena

Estruturas precisam de intervenção governamental, dizem cientistas.
Instalações correm o risco de ser destruídas pelo descaso.

Arqueólogos disseram na quinta-feira (10) que teatros ao ar livre na Grécia que datam da antiguidade estão ruindo devido ao descuido e necessitam de intervenção governamental rápida para serem salvos.

A Grécia, berço da dramaturgia clássica no século 5 a.C., tem dezenas de teatros que são uma parte crucial do patrimônio cultural clássico do país. Mas, enquanto cerca de 30 deles têm condições de abrigar eventos culturais, 76 necessitam urgentemente de reparos, disseram os arqueólogos.

"Os teatros da antiguidade precisam ser preservados constantemente. Alguns precisam ser restaurados. Sobretudo, porém, o que precisam é ser usados", disse o professor de arqueologia clássica Petros Themelis.

Arqueólogos, arquitetos e dignitários do setor político e cultural grego se uniram para pressionar o governo a tomar medidas para preservar as estruturas.

"A situação de nossos monumentos é desanimadora", disse o ex-ministro socialista da Cultura Stavros Benos, um dos fundadores do grupo. "Nosso objetivo é exercer pressão construtiva sobre o governo neste assunto."

O célebre teatro de Epidauro, erguido no século 4 a.C. no nordeste da península do Peloponeso, atrai milhares de turistas todos os anos para assistir a peças gregas antigas de dramaturgos como Sófocles ou Eurípedes.

Famoso por sua acústica, é o mais usado dos teatros da antiguidade. Outros foram devastados pela passagem do tempo e as forças da natureza.

O teatro Dionísio, do século 6 a.C., situado na Acrópole de Atenas, serviu de modelo para o de Epidauro e era o lugar onde as peças gregas eram apresentadas originalmente na antiguidade. Mas se encontra deteriorado e sem condições de abrigar eventos culturais.

Arqueólogos disseram que os teatros antigos deveriam fazer parte do cotidiano, para que possam ser preservados.

"Poderíamos restaurá-los, mas a natureza os destruirá novamente (se não forem usados)", disse Themelis.

Sabe-se da existência de outros 28 teatros da antiguidade, mas eles ainda não foram localizados ou desenterrados.


Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL396072-5603,00.html

segunda-feira, 7 de abril de 2008

A regular day as an overseas


... Tudo é cinza. Se não é cinza, é branco; se não é branco, é preto. E você sai com um sobretudo grafite. Por dentro, um palitó claro e uma gravata azul. O sapato não importa, vai se molhar mesmo. O dia chuvisca, mas na medida pra não molhar a meia e fazer o rosto sentir os traços de água que se chocam. O dia está frio; agradavelmente frio, por isso as mãos no bolso, e a condensação do vapor d´água que sai da respiração. A cidade está cheia como sempre; são muitos carros, mas as calçadas são pouco movimentadas, de modo que se possa andar e observar, escutando somente o barulho silencioso e educado dos carros e motoristas. Você esbarra numa garota. Alta, esbelta, ruiva: é auto-suficiente. Nem olha para ver em quem bateu e sai com a mesma elegância com que deve ter vindo. Só, você se sente acompanhado pela chuva e pela névoa lá ao longe, que você não consegue abraçar. Dá quatro da tarde: o grande relógio toca, todos param para ouvir. Você levanta o braço e olha para o relógio de pulso prata com uma discreta pulseira negra e sorri modestamente: "É, estou em Londres.".

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Aprendendo a contar


- Ei, esse é meu.

- Não, vamos contar!

- Contar? O que é isso?

- Fazemos assim: um, dois, três, quatro...

- Oh!

- Sim, e funciona assim: Emprestei a cesta e você pegou os limões, então lhe dou um e fico com três. Nada mais justo, já que sem a cesta, você não conseguiria pegar nada, certo?

- Bem...

- Sim, é assim... e vamos que Adam pediu a cesta também, David.