sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Postagem especial de Natal

Postagem especial de Natal que, para garantir o diferencial, é feita 13 dias antes. Numa sexta-feira. Só pra não dar azar. Enfim, são pequenos pensamentos e alguns diálogos. As imagens, acrescento mais tarde. Enjoy.

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O Natal é uma festa de instropecção e celebração espiritual que independe da religião. Agora, oremos a Cristo.

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E se?

- Melchior, tu visse isso?
- Vi, bicho. Que porra foi aquilo que tu me desse pra fumar, hein?
- O cara que me vendeu disse que era tranqüilo.
- Mas, ei, vocês dois, eu acho que até acredito no que o tal Anjo falou.
- Sério?
- É. Não é todo dia que aparecem pessoas levemente bêbadas tocando cornetas por aí. Além do mais, eles falaram que ia ter uma estrela pra gente seguir, e lá a gente ia encontrar uma criança envolta em panos numa manjedoura.
- Caralho, Gaspar! Tu já olhasse pro céu? Aqui não chove há 15 anos, é claro que está aberto, e é claro que vai ter uma porra de uma estrela. E outra: já visse o tamanho dessa terra de merda? Se a gente andar perdidamente "seguindo uma estrela", é óbvio que a gente vai encontrar um pirrai, e claro que numa manjedoura, não inventaram Maternidade ainda.
- Podes creeeer...
- Quer outro bagulho desses aqui?

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Natal é legal e eu até gosto de Jesus. Quando ele nasce eu ganho presente, quando ele morre eu ganho chocolate.

(thx to matteo)

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- Poxa vida, cara, eu não sei o que faço com esse presente.
- Dá, ué.
- Mas não tem pra quem.
- É verdade. Acredito que os mais pobres não teriam pra que querer essa calça Diesel.

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- Mas, me diz, eu não entendi ainda. Natal é dia de todo mundo ganhar presente, tá todo mundo feliz. Por que será que ainda não instituíram esse um dia santo ainda?

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- Ô, Deus, o que você acha do Natal?
- Acho bom. E se não me der presente te mando direto pro inferno.
- E o que eu poderia dar de presente pra Deus?
- Que tal aquela sua bicicleta azul de infância? Sempre quis uma igual. @____@

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Comidas de natal são que nem de buffet ou sexo no casamento: a gente espera o ano inteiro pra só comer uma vez, todo mundo come e depois finge que é bom.

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Mega Sena faz mais uma vítima

Maldição assombra aos cidadãos mais esperançosos do país.
Mais um apostador foi vítima da Mega-Sena. É o primeiro caso nesta semana e o décimo sétimo das últimas dezessete semanas.

Ganhador comum e sua expressão pouco inteligente.

O fenômeno, que já ganha o nome de senacídio pelos criminalistas, acontece quando um vencedor da loteria da Mega Sena, geralmente deficiente em QI, é assassinado pelo seus seguranças, serviçais, amigos, primos, tios, pais ou avós, que visam à fortuna. Iludido com o grande prêmio, a sensação de poder inesgotável assola o ganhador, que vira uma presa fácil para todos os seus próximos. E às vezes distantes também. Não raro, vítimas do senacídio foram encontradas enforcadas às próprias faixas de "Eu ganhei", "Eu sou multimilinoário" e "Eu tenho a Força".

Cama comumente utilizada pelos ganhadores.


A última das vítimas fez com que especialistas observassem uma cadeia incomum de eventos. Um dos primeiros casos de senacídio ocorreu há alguns meses, quando o irmão do recém-nomeado Cara Que Faz O Sorteio da Mega Sena. Havia vencido o prêmio acumulado e foi encontrado sem pernas no caminho de sua velha casa. Nas semanas seguintes, morreram também seu primo, seu primo segundo, seu tio e sua tia, seus dois motoristas, a filha de um deles, o genro dela e o melhor amigo do genro. A Polícia Federal investiga uma possível conexão entre os casos. O senhor responsável pelos sorteios aposentou-se depois de um ano de trabalho e foi morar no Caribe, onde está construindo um complexo de hotéis, restaurantes, shoppings, condomínios fechados e uma fábrica de iô-iôs. Ele foi localizado mas não quis dar entrevista.

Nossa equipe experimentou essa piscina de um dos hotéis e aprovou.


Até agora, o mistério permanece sem solução.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Canção em prosa pra dois


Pois que você nunca vai ser meu samba, nunca vai ser meu choro, sê minha valsa. Eu te quero num jazz; num Nate King Cole particular; Ella Fitzgerald de fim de semana; Frank Sinatra pelo meu olhar quando bate no seu. Eu te quero numa bossa nova: Vinicius pelo cantar apaixonado; Tom pela alma das suas notas poucas e marcantes. Assim que sou pra você. Eu te quero doce como uma flauta, de manhãzinha, te quero como qualquer nota para que seja a primeira do dia, a acompanhar o primeiro raio do sol que desperta a primavera de Vivaldi. Eu te quero um violão de vidro, corpo de curvas que admiro e, com cuidado, deito em minha cama, cujas cordas vibram em mim. Quero te tocar como quem desvenda o mistério e a magia de uma harpa – seu corpo como teclas de um piano de cauda que aperto para ouvir seu som; acordeon que aperto delicadamente entre meus braços. Aí eu te quero um solo de guitarra, depois um solo de sax, para que sempre acompanhem nosso dueto secreto. Aumenta meu ritmo que desejo te alcançar os tons mais agudos. Eu te quero como minha música.

domingo, 7 de dezembro de 2008

sábado, 6 de dezembro de 2008

Confeiteiros do mundo, uni-vos!


Foto meramente ilustrativa.

Como todos sabem, o Sarau, além de o ser, é Filosófico, mas é também Gourmet (vide título). Exercendo a divulgação, portanto, de the last but not least fator de união do Sarau, orgulhosamente trago para o deleite geral a receita mais vermelha dos últimos tempos.

É uma receita portuguesa, fácil e rápida de fazer. Uma unidade dá para 10 camaradas. Para atender ao Partido, mais de uma unidade pode ser necessária. Este é o Bolo Comunista. Aí vai.


Ingredientes:

6 ovos
2 chávenas de açúcar
3 chávenas de farinha
1 chávena de óleo
1 chávena de leite
1 chávena de côco
Raspa de 2 laranjas
Sumo de 3 laranjas
NOTA: Não, a receita não inclui sangue de criança.

Preparação:


Misturam-se bem todos os ingredientes, adicionando a farinha em último.Leva-se ao forno em forma muito bem untada com margarina e polvilhada com farinha.

Modo de servir:
Quente ou frio. O corte não deve ser feito com o martelo, a foice é mais indicada. Todos os pedaços devem ser cortados e distribuídos equitativamente: a cada um de acordo com sua capacidade, a cada um de acordo com sua necessidade.

Bolo comunista de aniversário

A decoração sempre dá um toque mais íntimo e especial.

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- Meu filho, vá chamar seus irmãos para assoprar a velinha, tirar foto e partir o bolo.
- Mas, mãe, eu sou filho único!
- Você entendeu.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Consumidores vibram

Criança torturada com a dor do brinquedo destruído.

Consumidor sempre foi uma classe explorada. Claro, ou não seria consumidor, seria produtor. Mas, enfim, todos sabem muito bem - é uma realidade universal - da ineficiência dos SACs, "Serviços de atendimento ao consumidor", ou, nas palavras deles, "Saco atender consumidor". Contando com a indolência - às vezes nem sempre - inerente ao consumidor no pós-compra, esses serviços mostravam-se absolutamente incompetentes e propositalmente ineficientes. O cara que pensou nisso pela primeira vez certamente se divertia colocando impedimentos para o bom funcionamento do pós-compra. A coisa funciona quase como uma corrida de obstáculos cada vez mais altos para corredores acima do peso, isso excluindo a medalha no final. Tudo feito para que o consumidor desista de exigir o serviço pelo qual pagou desde o começo.

Como funciona de fato o sistema da musiquinha ao telefone. Vai dizer que você nunca pegou um atendente que ouve Black Metal?

Como eles queriam que funcionasse o sistema de atendimento ao cliente.

Assumidamente desconstruindo a tão-pregada imagem de um jornalismo imparcial, venho saudar o governo. No sítio http://www.conquistadoconsumidor.com.br/ , podemos ver a grande frase que diz: "Novas regras para o serviço de atendimento ao consumidor - transparência na hora de ser atendido, respeito na hora de ser ouvido". Acontece que o novo decreto do presidente da República e uma portaria do Ministério da Justiça declararam, em forma de divulgação: "a enrolação e o desrespeito saem de cena e entram a transparência e a competência". A decisão vale para os grandes pavores do consumidor: energia elétrica, telefonia (móvel também), seguradoras, televisão por assinatura, planos de saúde, aviação civil (quem não viu a propaganda do cara que quer compar uma passagem pra Bauru e termina comprando pra Mossoró?), empresas de ônibus (três vivas pros estudantes), bancos e cartões de crédito (parece mentira). A validade do decreto deve ter começado no dia primeiro deste mês.
O próximo passo das empresas é despedi-los para compensar a ineficiência.

Só há que se lamentar, entretanto, um atraso no serviço público brasileiro. Uma questão como essa fazia-se mais que necessária há muito tempo, e a decisão só saiu agora. Falta ainda, para resolver esse tipo de problema, o Brasil criar o MGM: Ministério do Governo Macho. O Ministério do Governo Macho toma decisões que passam por cima dos interesses unilaterais do capital privado e, como quase nunca acontece, embora sempre devesse acontecer, atende aos interesses da população, que, como estaria estabelecido em uma de suas primeiras portarias, é "aquele que banca essa merda mesmo". Estando isso assumido, o MGM adotaria medidas de utilidade pública de fato. Lembro aos caros leitores a eficiência desse Ministério, já existente em países latinoamericanos vizinhos. Só para recordar, um deles estatizou uma empresa multinacional que explorava os recursos do seu país e outro fechou um canal de televisão que era formador de toda a opinião pública e está escrevendo uma nova constituição. Ainda bem que são problemas que nosso MGM não teria que resolver. Nos EUA, esse ministério existe como uma secretaria especial há mais de quarenta anos. Foi quem decidiu invadir Cuba, por exemplo. E o Vietnã. Mas nunca foi uma secretaria muito eficiente, visto que sempre foi liderada por militares - como o que mandou invadir o Iraque. A administração do popular presidente Obama já lançou extra-extra-oficialmente que vão convidar as barbas de Chuck Norris para o cargo e acrescentarão um M a mais no final: Secretaria do Governo Macho Mesmo.
Isso é só a barba.
Por hoje, era só isso. Espero que tenham gostado do texto. Se não, por que não ligar pro Serviço de Atendimento do Blogger e deixar sua reclamação no "Como estou escrevendo?". Abraço a todos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Da teoria da teoria política

A modernidade filosófica trouxe consigo a tripartição em Bem, Belo e Verdade daquilo que, no monismo cristão medieval, era tido como coisa una. Se a moral encarregou-se de tratar do Bem, e a Arte, do Belo, à Ciência coube trabalhar a verdade, muito embora estes três conceitos, em si, fossem estáticos, imutáveis. Para a Ciência especialmente, por ser nosso objeto de estudo, por vezes é necessária uma renovação – ou revisão – daquilo que antes era tido como verdade, e esse exercício filosófico de metaciência cabe à teoria. Assim sendo, a teoria política pode, antes de tudo, estabelecer as verdades sobre as quais se condicionará o fazer político. O policy-making de um país inclui, em seu ciclo, o encarregado propriamente da política, o intelectual nacionalmente consagrado e também a academia, que contribui com teorias e os conceitos que delas advêm; isto fica particularmente mais claro na elaboração da Política Externa.
Sendo possível a definição de premissas básicas por parte da teoria, que deveria carregar em si, a priori, a imparcialidade weberiana, é bem fato que, no nível pessoal de análise, as preferências do teórico serão refletidas na elaboração de sua teoria e, mais, a adoção desta por um grupo, grupos ou unanimemente implica também um processo valorativo inconsciente como aquele que pode ser visto na tendência de uma comunidade a acolher melhor teorias de fundamentos liberais – como nos Eua – ou marxistas – como em Cuba –, o que pode acontecer por interesses de grupos, continuidade da política interior de um Estado ou até mesmo aspectos culturais. Existe apenas, portanto, a pretensão da imparcialidade a acarretar conseqüências políticas por vezes impensadas pelo teórico ou pela própria comunidade. Se por vezes é possível vislumbrar o lado positivo de uma teoria, podem ficar obnubilados seus outros efeitos. A teoria do espaço vital (lebensraum) desenvolvida por Friedrich Ratzel dava à Alemanha de sua época a fundamentação teórica para lançar-se ao Imperialismo, sem conseguir vislumbrar, por outro lado, que viria isto, no futuro, a ser uma das causas da Primeira Guerra Mundial, que trouxe derrota e sanções para o país.
Se pode a teoria política justificar uma ação, pode também ela sugerir a ação. Nicolau Maquiavel, em sua obra “O Príncipe”, refletia sobre a realidade política de sua época e sugeria aos príncipes italianos modelos de manutenção do status quo e de boa governança, indicando melhores e piores alternativas para que a ação possa ser planejada. Entretanto, a teoria também pode se aventurar a expor os erros de uma ação passada, o que explica a força e a urgência com que as teorias são invocadas em tempos de crise. Planejar, justificar, sugerir ou corrigir uma ação, portanto, são tarefas cabíveis à teoria política frente ao aperfeiçoamento dos sistemas políticos. Para Karl Marx, em sua juventude, o mundo já havia sido estudado, estando as teorias, portanto, desenvolvidas, e caberia agora transformá-lo a partir delas; algumas correntes de pensamento mais atuais já colocam o oposto: o mundo deve transformar as teorias para que estas sirvam para o mundo. São acrescentadas, assim, à importância da teoria política, duas intensidades – ou visões – diferentes sobre o poder transformador desta. Considerando-se todos os fatores expostos, faz-se ímpar a procura pela adoção de uma teoria política para o mais planejado e meticuloso seguimento da política e estabilidade de uma região ou nação.
Vemos, contudo, que a teoria política não se projeta como salvação dos povos. Com efeito, a teoria por vezes se reconhece insuficiente. É nesta instância que se comete o equívoco de pensar em teorias políticas universais: se não há homogeneidade, não será possível estabelecer uma política que sirva igualmente a todos – fica evidente neste caso a idéia de valores e interesses por trás da adoção de uma teoria. A reflexão teórica deve partir, portanto, de realidades locais e similares para se chegar às ações de aperfeiçoamento efetivas. A mesma teoria funciona diferentemente em realidades distintas, para melhor ou certamente para pior, ao passo que teorias regionais competem mais eficazmente a tais locais. Além do critério espacial, a teoria política deve compreender um critério temporal: as mudanças de cenário – local, regional e internacional – passam a requerer medidas novas e mais cabíveis. Respeitados esses dois filtros, a teoria política torna-se mais capaz de fato, o que, em momento algum, implica a sua infalibilidade. A teoria não deixa de estar localizada num plano ideal, sendo uma positivação, necessária para o estudo, do ambiente real, naturalmente difuso. Levando-se em conta que a teoria pode ocultar efeitos colaterais indesejados e imprevistos, a teoria pode levar à frustração do ideal de sistema político. Em grande parte das vezes, o acolhimento de um modelo teórico para a resolução de um problema particular gera, em determinado espaço de tempo, outro problema. Para a resolução deste, pois, requer-se outra teoria, que provavelmente trará consigo conseqüências danosas não consideradas antes; este movimento segue-se indefinidamente, de modo a que uma teoria sempre trará em si a semente de outra. Minorará danos a comunidade que antevir as conseqüências negativas da teoria em vigor, logo a substituindo. Esse ciclo também reflete a necessidade constante de redefinição de verdades pela teoria.
Da mesma maneira em que teorias se sucedem, teorias também concorrem. A variabilidade de construções e entendimentos no e do plano teórico gera distintos níveis de análise, cada um deles possibilitando perspectivas de trabalho ao mesmo tempo para o mesmo tema. Assim sendo, é conferida ao objeto em questão uma multidimensionalidade que permite uma análise mais complexa e mais completa, podendo caminhar em direção a um entendimento holístico, ou, ao menos, mais abrangente. A concorrência de várias teorias no lugar da existência de um “monopólio teórico” também pode ser útil no sentido de viabilizar a escolha mais salutar à realidade do binômio momento-local.
De acordo com o visto, ainda que consideremos as hipóteses contrárias, mostrou-se que a teoria é indispensável para o bom desenvolvimento de sistemas políticos. É, porém, relevante ressaltar que, para tal, a ponderação torna-se indispensável; premissas básicas – ideal de liberdade ou eqüidade, por exemplo –, considerações espaciais e temporais, fins determinados e valores previamente adotados diferentes levarão a resultados diferentes, podendo ou não ser satisfatórios – na construção de sistemas políticos melhores.