terça-feira, 30 de setembro de 2008

A busca




As mais altas hierarquias dos poderes estadunidenses, juntas, declaram estado de emergência. Reunião com autoridades de vários setores privados e públicos do país e representantes de todo canto do mundo a portas fechadas. A imprensa não teve acesso ao conteúdo e foi recomendada a tentar abafar o caso. Não foi possível. No mesmo dia, foram convocadas CIA, FIB, SWAT, Scotland Yard, FBS, DGSE, BOPE e quem mais estivesse disponível a salvar a humanidade. Informação vazada dizia que a todas tinha sido encomendada uma busca; não deixava de ter um certo tom de ironia ou mesmo de piada de mau-gosto, mas, aparentemente, estavam todos à busca de uma mão invisível. Reviraram Wall Street de cabeça para baixo. Derrubaram alguns prédios, prenderam algumas pessoas. No resto do mundo, insegurança e medo. Mas, de mão, nada. Muitos outros prédios e pessoas caíram. Defunto há 125 anos, um senhor de barba assiste a tudo e ri. A mão que procuravam só foi achada muitos anos depois, silenciosa, nalgum lugar próximo à realidade pouco especulativa da Grande Muralha.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Liberdades

Ao nascer do sol, o soldado puxava as primeiras notas de Alvorada. O grupo marchava. Não era um dia como outro qualquer. As notas do dobrado ecoavam não como raios de sol, mas como lamentos de quem tem que as ouvir todos os dias e parecer igualmente radiante. Não pondendo parar, nem, pois, parar pra pensar, instintivamente tocou uma nota que fugiu ao conjunto de sempre. O que o acompanhava no instrumento olhou-o rapidamente e trocaram um sorriso. A segunda nota de Dixie foi puxada. O oficial preferiu não ouvir o instante surdo que se seguiu. Continuando a marchar, a tradicionalíssima Dixie foi entoada naquela manhã não mais tão monótona de segunda-feira. O oficial responsável parou e permaneceu à frente, de costas. As notas eram familiares... Pesquisou à mente; não era Cisne Branco, nem Barão do Rio Branco, obviamente... Seria... Dixie? Quando deu por si, de vários cantos, os músicos de coração que eram soldados também, foram chegando e se agregando ao grupo, numa composição sonora de verdadeiro improviso gozoso. O oficial, querendo também ele gozar, dispersou os desobedientes e alguns passaram dias vendo o sol nascer quadrado - e, nesses dias, com as notas que eles queriam ouvir e acrescentar.

***

- Mãe, o que é sexo?
- Agora, meu filho? Tou ocupada, pergunte depois.
- Mas, mãe, e o que é fissão nuclear?
- Depois, meu filho, depois.
- E capitalismo, mãe?
- Tá, meu filho. Eu vou responder uma pergunta e você pára de encher o saco que mamãe tá trabalhando, viu? Qual vai ser?
- Mãe, o que é modernidade?
- Hm... É assim... ... Tem certeza que não quer saber o que é sexo?

domingo, 28 de setembro de 2008

Premiação




É com satisfação que venho notificar que o Sarau Gourmet recebeu o devido reconhecimento, finalmente.

Acessem esta página, por favor:

Link

Sim, é isso mesmo. O Sarau ocupa uma honrosa sétima posição no ranking.

Gostaríamos de agradecer a academia, incluindo o diretor geral Karl Marx, o coordenador do curso Isaac Newton, ao professor Nietzsche e ao nosso orientador Arthur Schopenhauer.

Um obrigado também para o pessoal do Black Metal, Doom Metal, Heavy Metal, Gore Metal, enfim, Metal.

Por fim... Hail, Satan!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Estágio [1]

Esse texto possui o Selo Estagiário.



- Ei, você.
- Eh, eu?
- Sim, sim. Venha cá.
- Pois não, sr. ministro.
- Você que é o novo estagiário aqui?
- Sim, sr. ministro.
- Você estuda o quê?
- Faço Direito, sr. ministro.
- Hm. Já estudou Civil?
- Sim, senhor.
- E Penal?
- Sim, senhor.
- E Internacional Privado?
- Sim, senhor.
- Então me traga um cafezinho.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

The Greatest Hits of Oulipo

Postagem especial de Matteo Ciacchi


História original

Era uma manhã chuvosa quando o garoto cabeçudo parou para amarrar o sapato. Encontrava-se numa ladeira, de modo que quando se abaixou para alcançar os cadarços, perdeu o equilíbrio e pôs-se a rolar ladeira abaixo, até que por fim caiu numa poça d’água que havia no fim da rua. Voltou para casa ensopado e de sapatos desamarrados.

***

Ctrl + I

Era uma tarde ensolarada quando uma garota de cabeça pequena sorriu contente ao ver seus sapatos devidamente amarrados. Estava perfeitamente equilibrada numa avenida plana, mas sua pequena cabeça era tão leve que ela começou a flutuar, e subiu, subiu, até que chegou tão perto do sol que ela e seus sapatos bem amarrados se ressequiram e se queimaram. Nunca mais voltou para casa.

***

Inverter início e fim

Voltou para casa ensopado e de cadarços desamarrados. Pouco antes havia caído numa poça d’água, no fim de uma rua – fora rolando até lá pela ladeira que se estendia. Havia perdido o equilíbrio ao se abaixar para amarrar seus sapatos. Tudo por causa de sua imensa cabeça, apenas visível na rua naquela chuvosa manhã.

***

Sem a letra “A”

O invólucro do cérebro do menino é de imenso volume. No dilúculo chuvoso, seu tênis frouxou. Inclinou-se com o intento de prendê-lo com o fio específico. Ocorre um imprevisto: desequilibrou-se e, com seu invólucro do cérebro, vê-se num tombo pelo beco íngreme onde esteve no minuto precedente, como se fosse um rolo. Seu destino, no fim, é um monte de monóxido de dihidrogênio. Voltou no edifício onde reside, embebido no monóxido e com os tênis frouxos.

***

[Usar as palavras tutti-frutti; macaxeira; esfigmômetro; bússola; bidê]

Não havia esfigmômetro que pudesse medir o pulso do garoto naquele momento de aflição: com os olhos de sua cabeça monstruosamente grande, viu não uma macaxeira, mas seu sapato desamarrado. Prontamente e com a precisão de uma bússola, lançou-se a amarrar o sapato como se lançaria sobre um delicioso doce sabor tutti-frutti. Desequilibrando-se, pôs-se a rolar ladeira abaixo. No fim da rua, aterrissou numa poça d’água, e lá ficou, atordoado, sentado na poça como se fosse um bidê. Voltou para casa ensopado e de sapatos desamarrados.

***

Hiperbólico

“Dilúvio!”, pensou o garoto e sua aberrante cabeçorra naquele tempestuoso crepúsculo. Tal qual Noé milênios antes, o menino fez um esforço descomunal e, num ato de puro heroísmo, foi à rua, ignorando os trovões e vendavais. Seu infortúnio e má sorte estavam apenas no início. Não foi sem uma expressão de puro horror que o garoto hidrocéfalo constatou que seus tênis – maldição! – estavam desamarrados. Espumando de raiva, o garoto se inclinou para reverter tal situação de martírio – terrível hora! O peso insuportável de seu encéfalo o atirou para frente, e despencou rolando numa queda interminável ladeira abaixo – desventura que culminou na sua queda em uma poça – mais uma lagoa! Recuperando-se do golpe terrível, levantou sua possante cabeça e tornou à sua casa, quase diluído em tanta água.

***

Soneto em endecassílabos

Pesada era a chuva n’aurora do dia
Pesada era a cabeça daquele menino.
Debaixo da chuva o menino sairia
E só voltaria com o sol a pino

Com grande surpresa o menino abismado
Notou seu sapato afrouxar-se no pé
A s’abaixar viu-se o menino obrigado
E amarrou-se a bota sem muita fé

Desequilibrou-se o garoto e rolou
Rolou ladeira abaixo sem mais parar
Até que numa poça d’água parou

Criatura infeliz, levantou-se de pronto
Molhado e de sapato desamarrado
Voltou para casa só e meio tonto

***

Piada

“Conhece a piada do menino do cabeção?” “Não” “Foi amarrar o sapato e saiu rolando” “Hehe.”

domingo, 21 de setembro de 2008

O Estado fraco e o estado de capital

O Estado é fraco; o Estado é incapaz; o Estado é insuficiente. Essa manifestação pura de decadência se ergue em instituições frágeis, porém de base sólida - o capital. Possui braços curtos demais e é caolho, preferindo fechar o olho que resta por reconhecer que dói mais asssitir ao mal por ele próprio causado que se dar por cego. E assim vai o Estado, cambaleante, sempre guiado por uma força iluminada, que enxerga o caminho à frente, julga ter os melhores discernimentos e, de mãos dadas a ele, serve-lhe de guia - o capital. Pela sua insuficiência, o Estado considera que exceções são males que confirmam a regra que constitui ele próprio, e, portanto, aceitáveis, e, às vezes, até bom. Elas justificam e legitimam o poder e a atuação dele próprio. Enquanto houver o que resolver, haverá sempre seu espírito próximo, rondando com a vontade de organizar. Mas o Estado não resolve questões estruturais, a conjuntura é muito mais fácil e aparentemente próxima, recebendo preferência e atenção. É que existir questões a resolver também é maior fator de interesse do real poder já citado anteriormente - o capital. O Estado não consegue exercer controle sobre seus domínios mais básicos: setores vitais da economia, regularização da vida da sociedade que deveria regê-lo, e, então, garantir a sensação de segurança. Para cada um desses domínios, há uma força atuante direta do capital; o capital controla saúde, transporte, finanças... O capital rege, com sua batuta rosa, a sociedade que lhe paga todo tipo de tributos, monetários ou não. E a segurança! A responsável pela manutenção do status de preservador do Estado. Um dos motivos pra ser deixada de lado em qualquer ponto. Como vemos claramente, o capital, que deveria estar abaixo do Estado, está, ao mesmo tempo, ao lado e acima dele - principalmente acima. Aqueles que podem garantir sua segurança são aqueles que podem pagar por ela, e aí temos um ciclo que recomeça.


Não são observações originais, mas são constatações muito próximas dispostas em forma de desabafo.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Google Android será lançado na próxima semana

O primeiro telefone celular com sistema operacional Android do Google chegará ao mercado norte-americano na próxima semana dia 23) custando US$ 199. O aparelho, que tem tela sensível ao toque e teclado padrão QWERTY, é fabricado pela HTC e será fornecido pela operadora T-Mobile. O sistema operacional Android permite que outras aplicações independentes sejam instaladas pelos usuários, assim como acontece com o iPhone, da Apple.

Mais informações:
http://www.xbitlabs.com/news/mobile/display/20080917233225_First_Google_Android_Phones_Set_to_Release_Next_Week_for_199.html

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Projeto de Declaração Simulado

Organização das Nações Unidas
_________________________________________________________

Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente


14 de setembro de 2008

Original: Português
__________________________________________________________

Projeto de Declaração

Os países desta Conferência,

Considerando a necessidade da convergência internacional frente à questão do meio ambiente,

Reafirmando o caráter recomendatório desta Conferência,

Reconhecendo os já existentes esforços internacionais para a redução da emissão do dióxido de carbono,

Entendendo a importância de mitigar queimadas induzidas pelo homem, incontroláveis e indesejáveis, especialmente aqueles causadas pela agricultura,

Fortalecendo estruturas de governança, também considerando reduzir a poluição dos cursos de água,

Recordando que o combate ao aquecimento global compreende a preservação das florestas tropicais,

Admitindo que florestas não são somente carbono, mas abrangem a manutenção do equilíbrio climático do planeta, abrigam enorme biodiversidade e são fundamentais para o modo de vida de milhares de comunidades tradicionais e povos indígenas,


Sugerem, nos seguintes tópicos:

1. Sugere, sobre a Educação ambiental,
(a) Incentivar o uso racional dos recursos naturais (madeira e água);
(b) Adotar modelos racionais de preparo os alimentos (utilização de gás);
(c) Conscientizar a população sobre a crescente escassez de água;
(d) Reconhecer a retração da costa marítima de forma que parte do território seja engolida pelo aumento do nível do mar, o que resultará na diminuição de territórios litorâneos devido ao derretimento das geleiras;
(e) Promover o uso consciente dos recursos naturais disponíveis na Terra;
(f) Promover o aproveitamento responsável do solo na produção de alimentos;
(g) Coibir e mostrar como a biopirataria poderá prejudicar a população; e
(h) Coibir e mostrar como o desmatamento poderá prejudicar a vida futura.
(i) Apoiar a criação da CEA – Comissão de Educação Ambiental –, órgão de caráter global, que se subdividirá de acordo com as regiões econômicas, como a CEARE – Comissão de Educação Ambiental Russo-Européia.
(I) Cada CEA levará em conta as questões sócio-culturais e econômicas da região em que se localizar, adotando objetivos e políticas coerentes com essas questões; e
(II) Cada CEA terá o prazo de 5 (cinco) anos para fazer seu posicionamento acerca de suas políticas e objetivos.

2. Recomenda, sobre os Fundos,
(a) Aperfeiçoar e operacionalizar os fundos já existentes contando com a participação e o apoio financeiro de países que dispõem de recursos para tal, inclusive dos EUA e da China;
(b) Criar vínculos apropriados entre os diferentes programas;
(c) Garantir a transparência dos fundos a título de assistência concedidos pelos governos;
(d) Estabelecer prioridades como sendo estratégicas nas áreas políticas e econômicas;
(e) Criar comitês, grupos especiais e grupos de trabalho para análise e estudo de situações específicas dentro dos fundos já existentes, reconhecendo as realidades nacionais e regionais; e
(f) Reiterar que os acordos de transferência de Tecnologia Verde poderão contar com a utilização dos Fundos Verdes já existentes, ressalvando que os termos de pagamentos dos acordos ficarão a cargo dos países interessados no mesmo.

3. Converge, quanto à Normatização Internacional para o Meio Ambiente,
(a) Estabelecer acordos voluntários;
(b) Sugerir uma Legislação específica cabível; e
(c) Considerar e respeitar as atividades da CEA e de suas subcomissões e subórgãos para regiões sócio-econômicas.
(d) Propor metas de redução de emissão de dióxido de carbono para o ano 2050, sendo:
(I) 50% para países desenvolvidos e em desenvolvimento;
(II) 25% para todo o sudeste asiático; e
(III) 20% para o continente Africano.

4. Estabelece, sobre Observatórios Ambientais Internacionais,
(a) Coletar dados sobre erosão, recursos naturais e melhores zonas para a agricultura; e
(b) Incorporar, através do SIG (Sistema de Informação Geográfica), dados de clima, fontes de água, infra-estrutura e condições do solo e verificar irregularidades e ameaças, tais quais a contaminação da água por agrotóxicos.

5. Acorda, acerca das Tecnologias Verdes,
(a) Encorajar acordos bi e multilaterais visando à transferência de tecnologia limpa e projetos científicos relacionados ao tema.
(b) Incentivar os países desenvolvidos a investirem no intercâmbio de pesquisas e tecnologias com países em desenvolvimento, tendo em vista o adiantado estágio das pesquisas científicas e da fabricação e utilização das tecnologias limpas; e
(c) Promover o desenvolvimento de energias limpas dentro dos países em desenvolvimento para que a Tecnologia Verde se integre ao mercado econômico e se torne também uma fonte de lucro para todos os países e não prejudique o desenvolvimento econômico.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Na Bolsa

Dois companheiros encontram-se no piso térreo da Bolsa.
- Vai pra que andar?
- 10, e você?
- Também.
Térreo!
- Você na frente.
- Não, você.
- Obrigado.
Subindo!
- Mas, e aí, quais são as novidades?
- Sabe o Silveira?
Primeiro andar!
- Que houve?
- Virou pai.
Segundo andar!
- Não diga!
- Não é incrível?
Terceiro andar!
- Quem diria, hein?
- Pois é.
Quarto andar!
Quinto andar!
Sexto andar!

- E a saúde?
- Mais ou menos. Uns problemas de pressão, sabe?
Sétimo andar!
- Sei, sim. Mas tá tomando remédio?
- Tou, tou.
Oitavo andar!
Nono andar!

- O nosso é o próximo, né?
- É.
Décimo andar!
- Agora me diz... Como vai a Bovespa?
Descendo!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Dia da Liberdade de Software

Só repassando aos interessados:
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*SFD 2008 – Dia da Liberdade de Software*

*Sobre o evento*

O "Dia da Liberdade de Software" é uma celebração anual da *Liberdade de Software* realizada simultâneamente em diversas ocalidades do mundo, 500 cidades neste ano. O *G/LUG-PB* e *PSL-PB* promoverão, no *dia 20 de setembro*, das *8h às 12h*, com o apoio do *Departamento de Informática da UFPB,* *Linuxfi *e* KyaPanel*, a comemoração da data. Venha passar uma manhã de sábado divertida, com muita informação, brindes, palestras e minicursos.
Tudo regado a muito software livre!

Em um mundo cada vez mais digital, mais e mais pessoas dependem de softwares em suas experiências diárias. O software influencia como interagimos com os outros, desfrutando de meios distintos, votamos, pagamos, e trilhamos nosso caminho. O software aponta nossa forma de vida, nossas *liberdades básicas* como liberdade de associação, liberdade de pensamento,
liberdade de escolha e muito mais. Muitas pessoas não se dão conta da importância e da influência do software e outras tecnologias em suas vidas.

O que queremos com essa tal *"Liberdade de Software"*? Ela se trata de um futuro tecnológico e em que possamos confiar, que seja *sustentável* e que não impactue negativamente nas *liberdades humanas básicas* que damos por garantidas. Sistemas eleitorais não confiáveis podem levar a uma inquietude civil e a falta de confiança nos órgãos governamentais. Softwares-espiões que vigiam o que escutamos, nossos detalhes bancários e a quem enviamos emails, podem ser instalados em nossos computadores sem nosso consentimento.
A codificação regional de filmes introduz uma barreira artificial para o conteúdo internacional; Onde está nossa escolha pessoal? Os formatos de dados proprietários podem representar um impedimento para acessarmos nossa própria informação! A *Liberdade de Software* pode ser mantida por sistemas transparentes (como Softwares Livres e Softwares de Código Aberto) que estão baseados em *formatos abertos, seguros e sustentáveis*, incluindo formatos de dados e protocolos de comunicação.

*O evento de João Pessoa acontecerá no Departamento de Informática no CCEN da UFPB.*


*Programação*

*O evento ocorrerá no sábado, dia 20, das 08:00 às 12:00*. O SFD 2008 visa colocar os participantes em contato com diversas iniciativas e projetos nacionais e internacionais. Para isto, apresentará em sua grade de programação as palestras:

*O que é Software Livre?* - Anahuac de Paula Gil (KyaPanel);

*Quebra de Paradigmas – Como NÃO usar Windows* – Joaquim Gil (Linuxfi);

*O Linux põe a mesa?* - Gleidson Lacerda (Moodle);

*A mesa redonda:

*Mesa Redonda: Porque você não gosta de Software Livre?.*

E, além disso palestras, haverão estes dois minicursos.:

*Introdução ao Linux para Desktop* – Joaquim Gil (Linuxfi);

*Programação em Ruby* – Maurício Linhares.

*Vagas super limitadas, garanta já a sua! No encerramento, serão sorteados brindes.*

*Inscrição*

A inscrição é *gratuita*, com* vagas limitadas*, podendo ser feita em http://www.glugpb.org.br/sfd2008.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Entrevista [3]

- É procedimento de praxe aqui, então eu de gostaria ler o currículo junto com o senhor.
- Pode ser.
- Nome... Ok... Nascimento... 82?
- É, 82.
- Dois anos de cursinho pré-vestibular...
- Isso.
- Onde o senhor está estudando agora?
- Ah, tou no terceiro ano.
- Da faculdade?
- Não, do cursinho.
- Hm. Certificações... Carteira de motorista?
- E esse ano só tem 10 pontos.
- Sei. ... Em histórico, aqui menciona coma alcólico. Quantas vezes?
- Uma... Quer dizer, duas, é, duas.
- Ok, ótimo. O senhor está contratado.
- E é pra eu fazer o que mesmo?
- O senhor vai ser o novo adolescente galã da novela que estamos produzindo.
- Mas eu nem sei ser ator!
- Relaxa, é só ser você mesmo que vai dar tudo certo.

domingo, 14 de setembro de 2008

Contos de uma Sala de Aula II



Durante uma aula sobre o período Barroco, o professor vê dois alunos no fundo da sala, dividindo o fone de ouvido de um mp3.

- Vocês dois aí! Desliguem isto, e saiam da sala! Se estão aqui, é para aprender o assunto da minha aula.

Um dos alunos retira o fone e rebate:

- Mas, professor, estamos escutando Vivaldi.

- Nesse caso, vamos prosseguir com a aula...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Alguma vez na Rússia


Num dia que parecia igual a qualquer outro do ano de 1991, o presidente levantou-se da cama. Como de costume, olhou o relógio e bebeu uma taça e um quarto de champanhe. Abotoou o pijama. Tomou mais uns goles. Expulsou com um peteleco a aranha gigante cor-de-rosa que subia em seu ombro, bocejou, tomou mais um gole e dirigiu-se ao local mais próximo que lhe permitesse ver a rua. Suspirou. Olhou o relógio. Deu um passo para trás, pigarreou, e jogou o corpo ligeiramente para frente, aproximando-se do parapeito, e gritou: "A partir de hoje, meu país será capitalista!". Deu meia-volta. Vestiu a roupa presidencial de frio intenso e entrou no veículo presidencial. "Olhe", falou para o chofer presidencial. "Aqui está". Pediu que o homem estendesse uma das mãos, abriu-a e lá deixou um rublo, fechando-a em seguida. "A partir de hoje, você é um empregado, parabéns. Este é seu salário".

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Novas contribuições para a aviação civil brasileira

Prometem chegar às melhores livrarias ainda neste mês os dois novos livros que prometem ser os novos best-sellers brasileiros. Além de narrativas envolventes e histórias comoventes, os livros são verdadeiros manuais para os pilotos e comandantes de todo o país. Com os títulos "Como aterrisar" e "Como ter a certeza de que não vai cair", as obras foram escritas por peritos com grande experiência nas áreas, e contam com nomes brilhantes como Ysabella e Sacerdote Voador, entre outros. Em entrevista, os autores garantiram que serão seus únicos trabalhos lançados.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Entrevista [2]

- Seu currículo é impressionante...
- Obrigado.
- ... Mas... Tem uma coisa aqui.
- Minha experiência?
- Não, é que... bem, aqui, em "Outras atividades", o senhor colocou "Negro". É isso mesmo?
- É sim, senhor.
- Mas o que o senhor quis dizer?
- Ué, negro, ué. O senhor também é negro, sabe como é.
- É, mas isso não está no meu currículo. Isso é altamente preconceituoso e errado. Não volte mais aqui.
- O senhor não gostou? Ah, então eu posso botar "índio"? Que tal?

domingo, 7 de setembro de 2008

République Démocratique des Cuillères

Uma por todas e todas por uma!

Não à idéia do Reino dos Garfos! Votemos na República Democrática das Colheres! Não há formas pontiagudas para furar, e todas as formas - mesmo - deveriam ter uma leve curva para evitar o atrito e a dor. E nesse mundo terrível - cheio de poluição, aquecimento global, violência, fome, miséria, oxiúrus, tráfico, tráfego, ginástica... Parem tudo! É hora do cafezinho! - com biscoito, e sem qualquer coisa que lembre adoçante!


A República das Colheres investiria pesado em tecnologia gastronômica que nos traria uma comida sublimável. Quantos problemas da humanidade seriam poupados se cozinhar funcionasse como o vinho que envelhece: quanto mais tempo no fogo, melhor fica. Quanta paz teria o mundo! Se, finda a Segunda Guerra, o presidente americano tivesse oferecido um jantar ao soviético e dito,

- Aproveite, meu caro. Está no fogo há quase um ano.

certamente a Guerra Fria seria coisa pra ficção científica; e corrida armamentista: quem já viu? Muito melhor competir em fornos industriais imensos que preparariam banquetes para as refeições seguintes. E quem tirasse do forno antes perdia.

Questão freqüente para os que tentam desenvolver essa arte é o timing; se tirar antes, poderia ter deixado mais; se tirar depois, queima, e aí já era - e não tem reset pra apertar. Viabilizar uma comida que melhora com o fogo seria, também, solução pra muitos casais - que, na hora de tirar o jantar romântico do fogo, estão mais preocupados com a parte de exercer o "romântico" bem distante da cozinha; fica o romântico, mas perde-se o crevette avec poire au vin blanc.

É de se imaginar que o homem das cavernas tenha pensado nessa tecnologia - bem como havia dado o primeiro passo para a República: os alimentos eram igualmente divididos, sem privilegiar o homem que caçou ou o que foi caçado. Evoluindo do pouco requinte, a descoberta do fogo possibilitou aos pré-históricos conceber o fogão e uma quase infinidade de receitas. Para compensar o tempo das carnes, digamos, mal-passadas, deixar as refeições um pouco mais de tempo sobre o fogo era o padrão de bom-gosto. (Conjectura-se ter surgido a partir daí, na modalidade da fabricação de biscoitos, a prática (in)voluntária de queimar o tareco).

Só temos a perder com o mundo anti-gastronômico de hoje. Estômagos insatisfeitos discutem e guerreiam - a comprovação existe há tempos: o que não fez Eva para satisfazer o desejo por uma maçã? Hoje somente pode-se imaginar, numa realidade paralela em que a comida pode fazer um mundo melhor, (já que vivemos numa época em que o vinho não consegue fazê-lo, apesar das promessas de campanha), um homem, exercendo sua cidadania em algum chiquérrimo restaurante francês,

- Garçon! Traga-me uma petite poule au pot 1956, s'il vous plaît. O vinho? Ah, traz qualquer um.


sábado, 6 de setembro de 2008

Welcome to the Arena

Duelo de hoje: Bach x Deus

Vamos aos fatos:

1º Round: Eficiência e perenidade da obra

Hoje em dia, a maioria das pessoas vê o "divino" em qualquer canto. Uma mancha de manteiga numa torrada, um pouco de sabão que sobrou da limpeza de uma janela, uma cueca suja. Fora um repentino lembrete de que você não tomou café da manhã no dia, ou então uma informação mais detalhada da natureza do que está na cueca, não é visível outra sensação incomum que estes "artefatos divinos" possam propiciar.
Ao escutar a Ária da Corda Sol é impossível não sentir-se leve como uma pena. Um imediato sentimento de calma levita para a sua mente, e leva o indivíduo a um estado contemplativo profundo.
Claro, pode-se considerar que a Bíblia Sagrada é um texto de grande influência sobre o estado do ser humano, e que também é muito reflexivo. Mas como não existem registros de que tenha sido deus em pessoa(ou seria divindade?) a escrevê-la, não será levada em consideração.
Quanto à perenidade, ambos possuem obras que resistiram ao tempo após serem concebidas. Deus inclusive sofreu plágio, quando um escritor publicou uma história chamada "O Homem Invisível".

Veredicto: Vitória de Bach. Mesmo que ambas as obras durem até hoje, o compositor barroco realizou algo de incomparável beleza, enquanto deus... bem... ele...


2º Round: Prestígio

A existência da figura de deus remonta a milênios, enquanto Johann Sebastian Bach nasceu há cerca de apenas três séculos. Então, será levada em consideração o estado de ambos apenas a partir deste período.
Do início do século XVIII até os dias atuais tivemos a época do maior desenvolvimento da história da humanidade. A razão materializou-se na forma de novas tecnologias, e o que antes era explicado pelo mito passou a ser compreendido e estudado. A Igreja perde prestígio, as mazelas do mundo moderno não admitem a existência de um ser que possua a capacidade de mudá-las e não o faça por algum motivo misterioso e incompreensível logicamente.
Bach? Três séculos com a reputação de maior compositor barroco e um dos maiores de todos os tempos intocada. Passar bem.

Veredicto: Vitória de Bach. Motivo? Tocata e Fuga em Ré Menor.

3º Round: Embate Físico

a. Torcida na Arena

Bach: Uma multidão grita ensandecida o nome de seu campeão, que entra triunfante, regendo uma orquestra que executa o Prelúdio em Mi Maior. Muitos trouxeram violinos, clarinetes e diversos instrumentos, nos quais executam obras de seu ídolo, como homenagem.

Deus: Um velhinho anda sozinho pelo lado vazio da arquibancada, perguntando o tempo todo "Aqui não é o INSS?".

b. Luta

Bach ganha por W.O. após deus decepcionar a todos e não aparecer.


Veredicto Final: Massacrante vitória de Bach por três rounds a zero. Na verdade, mesmo que houvesse mais dez rounds ele ainda venceria.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Informe de la CIA

Bush envía un agente de la CIA a Cuba para que estudie la situación y le haga un informe.
Después de una visita clandestina el agente escribe el siguiente informe:

“En Cuba no existe desempleo, pero nadie trabaja. Nadie trabaja, pero se cumplen todas las metas productivas. Se cumplen todas las metas productivas, pero no hay nada en las tiendas. No hay nada en las tiendas, pero las personas consiguen vivir. Las personas consiguen vivir, pero no cesan de protestar. No cesan de protestar, pero van a la Plaza y aplauden a Fidel. Aplaude a Fidel, pero le piden a Dios que se lo lleve."


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Como se poderia pedir a um neoliberal americano para analisar uma sociedade em que todos têm trabalho, lazer, moradia e comida? É uma ofensa. O sonho americano prega o superconsumo e a exacerbação. Como diabos eu, que tenho três sabonetes, posso dar um a meu vizinho? É óbvio que eu preciso de três sabonetes hoje e precisarei de mais ainda amanhã!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Verdade

Se o bom de se falar a verdade é que ninguém acredita, lembro daquela figura importante cuja maleta, no aeroporto, estava sendo examinada pelo guarda como atividade rotineira de segurança. "Aqui tem euro ou dólar, hehe?", brincou o segurança, fechando a pasta que ele não se deu ao trabalho de examinar inteira. O homem respondeu que "aí nada, mas na cueca, um bocado". Todos riram.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Nu colo

Ah!, simplesmente um dia

Sem tempos!
Em que não se tivesse que,

Não precisasse nem devesse.
Um dia em que simplesmente se pudesse.

Eu simplesmente estaria na sua casa até tarde - se tarde é sempre
Só deitado no
Seu colo
Adormecendo

A contar as estrelas dos céus olhos.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Vizinhança

[1]
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De um lado, um vizinho. Do outro, outro vizinho. No meio, eu, duplamente vizinho, vizinho esquerdo de meu vizinho direito, direito de meu esquerdo. Viro pra um vizinho e falo “vizinho!”, mas os três olhamos. Falo para mim mesmo "eu não, ele", ao que os dois ele respondem "quem de nós?", ao que explico "o da direita". Do outro lado da rua meus vizinhos da frente perguntavam, com um grito que atravessava a rua, "a nossa direita ou a sua direita?" Os de trás, que ninguém tinha visto por estarem atrás, respondem "Da nossa!", até que o vizinho de cima se perguntou de que janela de que lado ele conseguiria entender quem estava de que lado da rua, e o de baixo, indignado, sem saber se era vizinho de cima, vizinho de lado, vizinho de outro ou se ele mesmo era vizinho, resolveu mudar de vizinhança e fez uma rápida viagem ao chão, 12 andares depois.
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[1A]
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O vizinho de baixo, indignado, sem saber se era vizinho de cima, vizinho de lado, vizinho de outro ou se ele mesmo era vizinho, resolveu mudar de vizinhança e fez uma rápida viagem ao chão, 12 andares depois que o vizinho de cima se perguntou de que janela de que lado ele conseguiria entender quem estava de que lado da rua. Os de trás, que ninguém tinha visto por estarem atrás, respondem "Da nossa!". Do outro lado da rua meus vizinhos da frente perguntavam, com um grito que atravessava a rua, "a nossa direita ou a sua direita?". Viro pra um vizinho e falo “vizinho!”, mas os três olhamos. Falo para mim mesmo "eu não, ele", ao que os dois ele respondem "quem de nós?", ao que explico "o da direita". De um lado, um vizinho. Do outro, outro vizinho. No meio, eu, duplamente vizinho, vizinho esquerdo de meu vizinho direito, direito de meu esquerdo.
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De um lado, um vizinho. Do outro, outro vizinho. No meio, eu, duplamente vizinho, vizinho esquerdo de meu vizinho direito, direito de meu esquerdo. Viro pra um vizinho e falo “vizinho!”, mas os três olhamos. Falo para mim mesmo "eu não, ele", ao que os dois ele respondem "quem de nós?", ao que explico "o da direita". Do outro lado da rua meus vizinhos da frente perguntavam, com um grito que atravessava a rua, "a nossa direita ou a sua direita?" Os de trás, que ninguém tinha visto por estarem atrás, respondem "Da nossa!", até que o vizinho de cima se perguntou de que janela de que lado ele conseguiria entender quem estava de que lado da rua, e o de baixo, indignado, sem saber se era vizinho de cima, vizinho de lado, vizinho de outro ou se ele mesmo era vizinho, resolveu mudar de vizinhança e fez uma rápida viagem ao chão, 12 andares depois. Ao chegar ao elevador, hesitou ao responder à simples pergunta do ascensorista "sobe?" e recebe como resposta: "minha subida ou a sua?". A essa altura se indagou se o céu era realmente em cima ou se ali não era na realidade o inferno, ou se o purgatório era em cima ou do lado, ou se a terra ficava no meio. Na sua condição cadavérica de recém-defenestrado perguntou ao seu vizinho no elevador pra que lado ficava o inferno, "O inferno são os vizinhos".

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[2A]

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“O inferno são os vizinhos,” disse ao ser indagado por um cadáver recém-auto-defenestrado onde ficava o inferno. Ele se perguntava se o céu era realmente ali em cima ou se ali não era na realidade o inferno, ou se o purgatório era em cima ou do lado, ou se a terra ficava no meio. Ao chegar ao elevador, hesitou ao responder à simples pergunta do ascensorista "sobe?" e recebe como resposta: "minha subida ou a sua?". Pegava o elevador após 12 andares de defenestração, numa tentativa indignada de mudar sua vizinhança, já que não sabia se era vizinho de cima, vizinho de lado, vizinho de outro ou se ele mesmo era vizinho – enquanto o vizinho de cima se perguntava de que janela de que lado ele devia se debruçar para conseguir entender quem estava de que lado da rua: os vizinhos de trás gritavam “Da nossa!”, respondendo à pergunta dos vizinhos do outro lado da rua, que com um grito que atravessava a rua indagaram “a nossa direita ou a sua direita?”. Eu me dirigia ao meu vizinho da direita; disse-o quando os três perguntaram: “quem de nós?”. Perguntaram-no pois havia dito “eu não, ele”, explicando a mim mesmo, depois dos três terem virado quando me virei para um deles e falei “vizinho!” De um lado, um vizinho. Do outro, outro vizinho. No meio, eu, duplamente vizinho, vizinho esquerdo de meu vizinho direito, direito de meu esquerdo.
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Co-autoria de Matteo Ciacchi.