domingo, 22 de março de 2009

Estado de Alerta






Divulga-se na mídia a mais polêmica e aterrorizante notícia: "ocorreu um ataque terrorista ao suprimento de água da cidade de Los Angeles. Todos devem evitar consumir a água fornecida pelos reservatórios locais. O terrorista está solto e todos os procedimentos possíveis estão sendo executados para a sua punição."

A partir daí, o cenário é evidente. Pessoas brigando pelo consumo de água descontaminada, sempre atentas à novas notícias, tentando sobreviver na cidade de Los Angeles. Os personagens não importam muito, apenas os seguintes detalhes chamam a atenção: não surgem doentes, estes apenas são citados estatisticamente; o terrorista, quando pego, sai de uma casa que aparenta ser de classe média e não coopera com a inteligência nacional, alegando não ter relação alguma com tal contexto; as notícias são passadas de uma maneira duvidosa, pois lembra o velho populismo norte-americano; há relações com a guerra no Afeganistão durante quase todo o filme; e ainda alguns outros detalhes.

Levanta-se a pergunta: será que tudo isso é apenas um pretexto para incentivar, mesmo que de uma forma indireta, os americanos a concordarem com a guerra? Afinal, a função da inteligência nacional estadunidense é, também, dar um motivo para os americanos irem à guerra. Então, simulado o ataque aos reservatórios de alguma cidade, o governo precisaria apenas de uma escrivaninha e vários papéis para os inúmeros voluntários à tão relevante causa nacional. De fato, o Tio Sam ainda existe, ele apenas mudou de forma.

O filme, de forma clara, não trata sobre isso. Trata apenas de alguns casos já muito discutidos, como a falta de água e sua repercussão social. Na verdade, essa interpretação talvez tenha sido a única pretendida pela direção, mas não dá pra deixar de imaginar que haja algo por trás disso tudo, pois há muitas evidências. Estado de Alerta talvez não seja uma emergência que precise ser enfrentada, talvez seja um grande botão vermelho na vasta escrivaninha do presidente que, quando pressionada, traga mais voluntários para dedicarem seus livres arbítrios à causa nacional.

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma análise mais profunda da sociedade capitalista torna evidente a forma imperialista das principais potências. Os países ditos ‘desenvolvidos’ nunca deixam truques que o velho Tio Sam usava caírem de moda. Falsas verdades (ditas de maneira eloqüente), são ferramentas indispensáveis no sistema de dominação.