sexta-feira, 9 de maio de 2008

A hiperinflação em Zimbabwe



Localizado na África Austral, Zimbabwe enfrenta notório declínio em economia e qualidade de vida de 2000 até os dias atuais. O país, cuja inflação logo após sua independência, na década de 1980, variava entre 7% e 14%, atingiu, segundo dados do governo, 24.000% neste ano – ou entre 66.000% e 100.000%, segundo análises de economistas de todo o mundo. As causas são atribuídas às decisões do presidente Robert G. Mugabe, líder da nação há mais de 27 anos.


A crise atual tem várias origens. Uma delas é a política de aquisição de fazendas, que consiste em tomar terras de donos brancos sem recompensá-los, ato repudiado pela comunidade internacional. Esta teve similar reação quando o governo decidiu não pagar os empréstimos ao FMI e ao Banco Mundial, que, em retaliação e com apoio do mundo ocidental, decidiram não mais enviar ajuda. O investimento estrangeiro foi quase totalmente cortado quando, na campanha do presidente Mugabe, foi anunciada a pretensão de nacionalizar o capital estrangeiro no país, representado principalmente pela indústria de mineração. As políticas econômicas do presidente são vistas como interessadas unicamente na manutenção do seu poder, em detrimento do futuro do país.


A maior inflação da história, que chega a alcançar 1300% por mês, apresenta conseqüências catastróficas para a população do Zimbabwe. Grande parte das categorias entra freqüentemente em greve, congelando setores primordiais como educação e saúde. Apesar dos aumentos salariais que chegam a 400%, os 110.000 professores do país chegam a viver com 60 dólares americanos por mês – o que é um quarto do necessário para manter uma família de seis acima da linha de miséria. “Está fora de controle agora”, disse John Robertson, um economista crítico das políticas do governo atualmente residindo em Harare, capital do país. “Eles dizem que podem ajeitar os preços, mas as coisas que causam o aumento dos preços vêm de tantas direções diferentes que o governo não consegue controlar”.


Em 2004, o déficit era de US$523 mi, as taxas de juros, 60%, e as exportações caíam em 40%. Em âmbito nacional, os dados refletem-se em apagões, falta de água, escassez de combustível, mortes por desnutrição; doenças associadas à falta de saneamento estão reaparecendo em forma de epidemias; o mercado negro cresce assustadoramente. As medidas para retomar a economia, que incluem aumento salarial e congelamento de preços assegurado por lei, parecem pouco efetivas. Professor da Universidade de Zimbabwe, Martin Rupyia acrescenta: “O regime sobrevive imprimindo dinheiro. Nesse ponto, não há outro jeito”.


O presidente Mugabe atribui a um plano ocidental contra ele os problemas zimbabwanos, e rejeitou todos os pedidos de reforma econômica. A última resposta do Banco Central foi declarar inflação ilegal e ameaçar punir a corrupção. No meio internacional, a situação do país é pouco comentada; a África do Sul vende a crédito energia e combustível, e suprimentos são esporadicamente doados pelo Programa Alimentar Mundial, PAM, da ONU.

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