quarta-feira, 6 de maio de 2009

Relato cotidiano

Seguiu a direção dos cartazes, adentrou com majestade o recinto e seguiu a um homenzinho encarregado da recepção.
- É aqui que tem vacina pra raiva?
- É sim.
- Tá aqui minha carteira de vacinação. Pode me dar umas três logo de uma vez aí.
- Mas, senhor, aqui só vacinamos animais!
Boatos das fontes mais confiáveis confirmam que o homem, incomumente peludo, ostentando espessa barba, levantou-se, e, desferindo contra a mesa um único golpe, partiu-a em dois. Em seguida, teria pulado sobre o funcionário que o atendia e quebrado todos os seus membros. Diminuiu o ritmo quando um enfermeiro aplicou-lhe uma injeção. Só parou de vez na sexta.
Com a boca espumando, prostrou-se, a se contorcer, chamando a gritos pelo nome “Lola”. Como não sabendo o que fazer, os presentes à cena encaminharam-no a um canil, onde fez questão de terminar seus dias.