quinta-feira, 12 de julho de 2007

Breves comentários sobre os princípios das relações extrapessoais e da sociedade em função de nós mesmos

Amor: segundo Nietzsche, os amantes amam mais o amor que a pessoa amada, transformando o amor em sujeito e o amado em objeto; amar é definido quase que unicamente pelo interesse de satisfazer nossas vontades próprias, como saciar a solidão, o desejo sexual e a necessidade inerente do animal, reprodução. Segundo Camões,

Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Além disso, está inserido nos valores apregoados no inconsciente coletivo através da...

... Convenção social: extremamente necessário para a manutenção das relações extrapessoais; momentos em que se abandona, aparentemente, o próprio ego e cumprem-se tarefas em função de outro ego; existe para que possamos alimentar o nosso ego social, e fazer-nos sentir bons e justos, o que estabelece um...

... Padrão: um dos exemplos de convenção social, e é predefinir o que cada indivíduo da sociedade, separadamente, deve seguir, baseado em valores e princípios morais que se foram transformando ao longo dos séculos, sempre partindo, na escala social, de cima para baixo; numa relação, padrões moderados tendem a ser criados para pacificar a interação entre os membros que os adotam; ajuda a destruir os...

... Valores individuais: prioridades psicológicas de cada indivíduo da sociedade; é impossível que sejam plenamente ignorados, mas vão cada vez mais sendo corrompidos por meios coletivistas como a globalização, agregando cada vez mais membros à massa e ironicamente delineando os desejos do nosso próprio ego, transformando tudo num gosto comum ; para uma boa convivência, ainda que a dois, é necessário que permaneçam em segundo plano, como sugere a coletividade; surgiu de nada menos que uma...

... Concessão de direitos: para o que chamavam e ainda chamam de “bem coletivo”, os homens foram gradativamente abdicando de seus poderes, liberdades e vontades para que um ser ‘superior’ em algum aspecto pudesse decidir o que lhes era melhor ou pior; surgiu ainda nas primitivas sociedades pré-históricas com o primeiro chefe militar da história, e, desde então, vem nada mais que destruindo externa e internamente cada ser, através de, simploriamente exemplificando, as guerras e o estabelecimento de valores como a moda (por conseguinte, o culto ao padrão na estética, cerceando a liberdade individual de ser como quiser); foi, ao longo do tempo, e ainda é manipulada através do...

... Medo: este ainda é um bem “privado”, embora só surja em cada homem por este ter contatos sociais; é o instrumento que aglomera e, ao mesmo tempo, controla as massas e sua inter-relação, podendo, dialeticamente, construir e, ao mesmo tempo, destruir a sociedade; para controlá-lo em sociedade, os superiores criaram a...

... Justiça: meio de estabelecer padrões para o que é sério e correto, julgando, de maneira positivista, o que é bom e o que é ruim para a sociedade, esquecendo-se de que, em verdade, são membros individuais aglomerados por valores impostos. Como podem decidir o que é melhor para cada um se, ainda que pouco, somos todos diferentes?

O individualismo pleno não existe em prática, mas foi brilhantemente descrito (voltando a Nietzsche, citado na primeira parte deste texto) na forma de Übermensch, algo equivalente a “super-homem” (de onde a DC Comics tirou a idéia para o super-homem, apenas transformando o poder psicológico em físico), um ser que vive independente de outros, de medos, de valores comuns, vive apenas em função de saciar a si próprio, sem escrúpulos de reificar a outro, caso lhe convenha, em benefício próprio. Seria a definição de anti-social perfeita.

Por que, desde sempre, precisamos nos relacionar? E por que essa necessidade gerou a sociedade? Esta será tão e mais imperfeita que o homem, vez que sempre sugará o pior de cada um. A sociedade nunca poderá ser comum, como trabalhada na “Teoria da Complementação Humana”, em que todos poderíamos ser, “liquefeitos”, um só; será eternamente composta por indivíduos que são e não são sociais em todos os seus aspectos. A reposta para a pergunta é simples: somos fracos. Somos imperfeitos cacos de vidro suspensos, ligados um ao outro por traços irrisórios de papel, que, se se romperem, farão com que caiamos e nos despedacemos. Somos um organismo que se encarrega de eliminar as células diferentes. Somos animais. Somos carne que interage com carne.

Mas a carne envelhece, morre, apodrece... E todas as células têm seu fim. Nosso organismo, por sua vez, é mentecapto e decadente. O princípio de relacionar-se é o caos. Para solucionar o caos do relacionamento a poucos, criou-se o relacionamento comum, com todos, que deveria prover condições para a sobrevivência, e nada mais faz além de germinar a semente que, em longo prazo, será o princípio da auto-destruição da raça humana.

4 comentários:

cyruzin disse...

Concordo com Nietzsche. Na questão do amor ele acertou em cheio.

Kondlike disse...

como quase tudo o que falou, nietzsche acertou em cheio. e não foi só por causa da genialidade, apenas porquê ele foi sincero e teve um compromisso maior com a filosofia do que com a sua imagem na acadêmia. isso sim é que é um verdadeiro filósofo existencialista.

Anônimo disse...

Afinal, se pudesse ser definido de algum modo um padrão de individualidade, qual seria ele? A questão é que de acordo com linhas de pensamentos e teorias, uma vez perpetuado o mínimo de livre-arbítrio possível, é impossível definir certo e errado individualmente.
A definição "legal" de sanidade é um "indivíduo"(que não é tão indivíduo assim) possuir livre-arbítrio, de modo que possa escolher dentre uma ou mais opções antes de realizar qualquer ação.
No entanto, se ele tem livre-arbítrio, não teria ele o direito de considerar os acontecimentos como certos e errados dentro de sua própria concepção?

jasonbob disse...

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