terça-feira, 29 de julho de 2008

Somos zumbis?

No Haiti, eles são parte do folclore. Em Hollywood, ficaram famosos em comédias de humor negro pelo grito "Miooolos!". Há, no entanto, ciestistas que os levam a sério: psicólogos e filósofos discutem se é possível um humano ser um zumbi. A "teoria zumbi" é um inusitado tema de debates apaixonados entre estudiosos da consciência humana. Mas o morto-vivo filosófico ("philosofical zombie" ou "p-zombie") é diferente dos esfarrapados personagens dos filmes de George Romero. Trata-se de uma criatura hipotética, igual a um ser humano, exceto pela consciência. Se existisse, ao tropeçar numa pedra, por exemplo, não sentiria dor. Para senti-la, o cérebro humano, como uma máquina, precisa primeiro da informação do que é a dor. E essa informação depende da consciência.

O precusor na área é o inglês Robert Kirk. Em 1974, no artigo "Zumbis x Materialistas", ele propôs uma versão de "As Aventuras de Gulliver", de Jonathan Swift, em que os habitantes de Liliput dominam a mente do visitante e o transformam em Zulliver, um morto-vivo com a mesma aparência e funções coportais mas suas sensações e emoções dependem das ordens das minúsculas criaturas em sua cabeça. Ainda poderia ser considerado humano?

David Chalmers, vai além no livro "The Conscious Mind" (não traduzido no Brasil), de 1996, no qual descreve um mundo onde todos são zumbis. Desde então, defensores e críticos da hipótese discutem se tais criaturas seriam ou não possíveis.
Os títulos de alguns trabalhos dão a medida da polêmica. "Conversas com Zumbis", "Sim, Nós Somos Zumbis" e "O Ataque Zumbi".

Parece perda de tempo discutir os mortos-vivos a sério, mas as implicações justificam o debate. "Se eles não são possíveis, então a mente é o cérebro e nada mais. Isso abre a possibilidade para a noção de que um computador pode ter uma mente", diz Gustavo Leal Toledo, da PUC-RJ, autor de trabalhos sobre zumbis filosóficos. Um robô ou androide a princípio seria um morto-vivo. "Mas, se criarmos um robô complexo, ele terá consciência em algum momento", diz João Texeira, professor de ciência cognitiva da Universidade Federal de São Carlos. Além de inteligência artificial, as especulações envolvem clonagem e - caso a teoria esteja errada (e a consciência for mesmo parte do cérebro) - a possibilidade de a pscicologia ser substituída por uma neurociência capaz de criar remédios ou cirurgias que mudem o modo como as pessoas percebem o mundo.

No fundo, discute-se a noção de humanidade. Se somos únicos ou se no futuro poderemos ser reproduzidos numa máquina. Mesmo que em algum momento, de brincadeira, ela seja capaz de dizer "Miooolos".

(Alexandre Rodrigues - Revista Galileu - Abril/2008)

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Leitura interessante, só para constar algo sobre diversos temas que nos esperam no futuro. Muito embora não concorde com tudo que esteja escrito aí em cima, vale à pena, refletir um pouco sobre nossa sociedade e a maneira como estamos intimamentes ligados à tecnologia, mas, paradoxal e totalmente desligados de uma consciência acerca das mudanças.

Segue um outro post, do pisterovix, com uma excelente explanação dos temas.
http://saraugourmet.blogspot.com/2008/07/revolues-paradigmas-futuro.html

Um comentário:

Anônimo disse...

que foda